São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

Divulgação
Dercy Gonçalves, em sua casa, com Marília Pêra e Fafy Siqueira

FAFY SIQUEIRA

"A primeira coisa era colocar os dentes e as pestanas"

Há dois anos a atriz Fafy Siqueira, 53, encontrava-se regularmente com Dercy Gonçalves para coletar dados para a peça "Dercy por Fafy", que deve estrear em 2009, com texto de Maria Adelaide Amaral e direção de Marília Pêra. No sábado, ela estava em SP quando soube da morte da atriz. "A gente sabia que ela estava velhinha, mas não pensava que ela ia embora", disse. Ainda sem "qualquer tostão" de patrocínio, Fafy garante que a homenagem sairá do papel.

 

FOLHA - Por que quis fazer a peça?
FAFY SIQUEIRA
- Há 14 anos quero mostrar que Dercy Gonçalves não é só essa velhinha que ficava falando palavrão. Me incomoda muito quando falam que ela foi a atriz mais escrachada do Brasil. Eu odeio essa palavra. Escracho pra mim é o Senado. A geração de hoje não sabe quem foi Dercy.
Ela foi a artista feminina mais importante do teatro brasileiro. Fundou uma companhia que tinha 80 pessoas. Produzia suas peças sozinha e pagava em dia. Ela fez um trabalho que todas nós bebemos da fonte. Eu, Regina Casé, Marília Pêra, Bibi Ferreira, Regina Duarte. Estamos atrás de imagens do programa que ela tinha na Globo, o "Dercy Espetacular", que era como o da Hebe.

FOLHA - Vocês se falavam há muito tempo sobre a peça?
FAFY
- Há dois anos. Nesta semana mesmo a gente tinha um encontro. Falei com ela na segunda (dia 14) e ela comentou que não estava se sentindo muito bem. Ela disse: "Acho que foram as duas mangas e os ovos que eu comi." Ela não tinha estômago. Tirou porque teve câncer. Falava assim: "Eu gosto, porque agora eu como e cago". Ela cozinhava muito bem, sempre me recebia com um bolo, com uma mesa farta, aconchegante. Um dia fez uma feijoada genial.

FOLHA - Ela também falava muito palavrão na intimidade?
FAFY
- Ela falava palavrão o tempo todo. Era supervaidosa. A primeira coisa que fazia de manhã era colocar os dentes e as pestanas. Ela estava sempre com cílios postiços, pó, batom. Tinha uma coleção de perucas que ela mesma cuidava. O Silvio [Santos] mandou cinco novas [perucas] de presente de aniversário. Ela ficava me incentivando a fazer uma plástica. "Tira mesmo essa barriga. Vai lá, mete a faca, não tem ginástica que tire isso. Eu mesma já fiz dez", dizia.

FOLHA - E como está a produção?
FAFY
- Acredita que até agora não temos patrocínio? Acho que as pessoas que decidem os patrocínios não estão preparadas para isso. Teve um patrocinador que escolheu um bonitinho da TV Globo em vez de nós. Não tenho nada contra os bonitinhos da Globo, mas acho engraçado uma peça desse porte não ter, até agora, um tostão. Se eu tiver que pedir dinheiro emprestado no banco, eu vou.

Câmara frigorífica
Anunciado com pompa e circunstância, o projeto de criação de um museu da televisão em São Paulo foi para a geladeira. "Houve uma mudança", confirma o secretário João Sayad, da Cultura. No lugar previsto para o museu, a Casa das Retortas, no Gasômetro, será instalado o Museu da História de São Paulo.

PROGRAMAÇÃO
O Museu da TV foi recebido com desconfiança por pelo menos um empresário do setor -que reclamou com o governo de que ele seria o "museu da TV Cultura" e não das emissoras. O projeto foi anunciado por Paulo Markun, da TV Cultura.

BOLSO VAZIO
Outro fato que contribuiu para a mudança do destino da Casa das Retortas é que o prédio que o governo queria comprar, no bairro da Mooca, para abrigar o museu de história, foi avaliado em quase R$ 30 milhões. O governo só topava pagar R$ 10 milhões.

SE GRITAR...
E setores da secretaria que acompanham de perto as investigações sobre o roubo de peças da coleção Nemirovski, na Estação Pinacoteca, não descartam a possibilidade de os ladrões terem sido auxiliados por algum funcionário da própria vigilância do lugar.

ITÁLIA NO MASP
O primeiro andar do Masp vai receber no dia 8 de agosto a exposição "Arte Contemporânea Italiana - Coleção Farnesina". Terá cem obras de artistas italianos do pós-guerra e ficará em cartaz até 21 de setembro.

RADIOATIVO
O Hospital das Clínicas dará início, em outubro, à construção de um bunker anti-radiação em seu complexo na avenida Dr. Arnaldo. Avaliado em R$ 4 milhões, o espaço terá 520 m2 e paredes de concreto com 1,90 m de espessura para que a radioatividade produzida durante o funcionamento do Ciclotron -um acelerador de partículas usado na produção de substâncias que ajudam no diagnóstico de doenças como o câncer -não se espalhe para o exterior.

BRASÍLIA COME OURO
Os estoques de ouro em flocos do restaurante japonês Original Shundi, com matriz em São Paulo, estão zerados. Devem ser normalizados só em 20 dias, quando chega nova leva do Japão. O problema, segundo o chef Shundi, é que a recém-inaugurada filial em Brasília consumiu, em um mês, 40 gramas da matéria-prima, quantidade "que deveria durar uns quatro meses".

SAIDEIRA
Os donos da boate Funhouse e do bar Exquisito vão abrir mais uma casa, agora na alameda Itu, nos Jardins. Será uma choperia com culinária de várias partes do mundo e "pratos de fim de noite". Ainda não tem nome, mas a abertura está prevista para dezembro.

ALUGA-SE
O rapper Túlio Dek, ex-namorado de Cléo Pires, está mudando-se do Rio. Procura uma casa na capital paulista.

CURTO-CIRCUITO
A HISTORIADORA Anita Leocádia Prestes, filha de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, vai participar de uma mesa redonda com 300 professores da rede pública, na USP. O MINISTRO DA SAÚDE , José Gomes Temporão, encontra-se amanhã com a diretoria da Vai-Vai, no teatro Sérgio Cardoso, para ouvir o samba-enredo da escola sobre saúde. O CABELEIREIRO Wanderley Nunes e a modelo Caroline Bittencourt promovem hoje, às 21h, no Café de La Musique, um leilão beneficente em prol do Instituto da Criança.


com JULIANA BIANCHI, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO


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