São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2010

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Dormindo com o inimigo

Em "Vincere", Marco Bellocchio, um dos mais importantes cineastas italianos, retoma a tradição do melodrama para contar a história da amante secreta de Benito Mussolini

Divulgação
Benito Mussolini (Filippo Timi) e Ida Dalser (Giovanna Mezzogiorno) em "Vincere"

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Aos 70 anos de idade, Marco Bellocchio, nome de proa da longa tradição cinematográfica italiana, voltou à maestria. "Vincere", selecionado para a competição de Cannes, em 2009, é seu maior sucesso em anos.
"As pessoas costumam dizer que o cinema italiano vive uma má fase, que não temos mais os grandes filmes. Mas quantos filmes italianos chegam ao Brasil? O que vocês conhecem? Nesse sentido, a boa recepção a "Vincere" no exterior me deixa realmente feliz", diz o cineasta à Folha, por telefone.
"Vincere" retoma a raiz melodramática do cinema italiano para dar conta de um momento histórico.
O filme registra a chegada de Benito Mussolini (Filippo Timi) ao poder. Mas quem nos conduzirá pela história não é o Duce, e sim Ida Dalser (Giovanna Mezzogiorno), amante do jovem Benito, um socialista revolucionário.
Dasler, que teve um filho de Mussolini, foi violentamente repudiada pelo ex-amante. Considerada uma ameaça aos ideais do fascismo, foi internada numa clínica psiquiátrica. Viveu quase como um fantasma.
"Me impressionou a tragédia dessa mulher apaixonada", diz. "E quis mostrar também que alguns socialistas escolheram a guerra."
Chama a atenção de Bellocchio, cineasta de veia política, o fato de, no exterior, muita gente enxergar em seu filme sobre Mussolini referências aos anos Berlusconi. "No nível da consciência, nunca pensei nessa ligação. Mas é curioso: essa leitura é recorrente fora da Itália."
kj

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