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"Nunca existirá algo que substitua o prazer de ler"
Woody Allen conta como "odiou" gravar suas obras em audiolivro
DAVE ITZKOFF
DO "NEW YORK TIMES"
Com a possível exceção de
sua invenção do orgasmatron, Woody Allen não é necessariamente conhecido como um dos primeiros a aderir
à tecnologia inovadora.
Apesar disso, ele descreveu um salto ousado para
dentro do século 21 e gravou
edições em audiolivro das
quatro coletâneas de ensaios
de humor que escreveu entre
1971 e 2007.
As leituras feitas por Allen
de suas antologias "Getting
Even", "Without Feathers",
"Mere Anarchy" e "Side Effects" podem ser compradas
na Audible.com e no iTunes.
No set de seu próximo filme, "Midnight in Paris",
Woody Allen respondeu por
e-mail a algumas perguntas.
PERGUNTA - Como você se
deixou convencer a aderir ao
formato do audiolivro?
WOODY ALLEN - Fui persuadido em um momento de
apatia, quando eu estava
convencido de estar com
uma doença fatal.
Não tenho computador e
tenho interesse zero por tecnologia. Muitas pessoas
acharam que seria uma ideia
simpática que eu lesse minhas histórias, e eu cedi.
Como foi a experiência da
gravação? Você fez novas
descobertas sobre esses textos ao fazer sua releitura?
Imaginei que seria bastante fácil para mim, mas, na
verdade, mostrou ser tremendamente difícil. Odiei
cada minuto, lamentei ter
concordado em fazê-lo.
A descoberta que fiz foi
que muitíssimas histórias
são feitas para funcionar
realmente no ouvido da mente e que fazer sua leitura em
voz alta diminui sua força.
Não é divertido ouvir uma
história que na realidade foi
feita para ser lida, ou seja,
não existe e nunca existirá algo que substitua a leitura.
Você acredita que a palavra
impressa esteja morrendo?
Só posso esperar que a leitura em voz alta não contribua para o fim da literatura.
Quando eu era jovem,
sempre podíamos ouvir T. S..
Eliot, Yeats, S. J. Perelman e
uma multidão fazendo leituras no selo Caedmon, e isso
era um deleite que de maneira alguma prejudicava o prazer de se ler essas pessoas.
Kugelmass [personagem
criado por Allen em 1977] conseguiu escapar daquele verbo
irregular espanhol?
Ele está sendo perseguido
pelos mesmos verbos detestáveis que me perseguem.
Tradução de CLARA ALLAIN
CARLOS HEITOR CONY
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