São Paulo, sábado, 23 de julho de 2011

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"Acidentes sempre me interessaram", diz Ivan Sant'Anna

Em entrevista à Folha, escritor, que lança "Perda Total", fala sobre livros e a paixão pela aeronática

Autor comenta que pilotos nunca reclamaram de obras porque ele "não agride o lado técnico"


ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Aos 71 anos e com onze livros publicados, o primeiro deles "Os Mercadores da Noite", de 1996, aos 55 anos, o eclético Ivan Sant'Anna se orgulha de poder se dedicar exclusivamente à literatura. "Nesses [cerca de] 15 anos, não só consegui viver como fazer uma boa poupança. Se, eventualmente, eu tiver três fracassos seguidos, eu me aguento", diz.

Folha - Quando se interessou por acidentes?
Ivan Sant'Anna - Sou piloto desde 1958 e sempre me interessei por acidentes aeronáuticos, muito antes de pensar em ser escritor.

Os primeiros livros não foram sobre isso.
Não. Foram sobre mercado financeiro, onde trabalhei 27 anos. Com 18 anos, arranjei um emprego como operador de mercado só para pagar as horas de voo. Mas passei a ganhar tanto dinheiro que fui ficando. Aviação virou hobby.

Qual é o seu método para escrever os livros sobre acidentes de avião?
Totalmente errático. Tenho 20 mil páginas sobre os três acidentes [do "Perda Total"]. No final, vira uma salada, que eu organizo em ordem cronológica.

Não aproveita material de jornal?
Não, porque vocês, jornalistas, não têm tempo para nada, e eu tenho anos para apurar tudo, trabalhando "full time" nisso.

Escreve de leigo para leigo?
Mas o pessoal da Embraer, do ITA e pilotos da Gol e da TAM não reclamam. Me dão informação, me leem. Então, embora escreva de leigo para leigo, não agrido o lado técnico.

Melhor livro?
É "Mercadores da Noite", que foi comprado por Hollywood por US$ 200 mil (cerca de R$ 310 mil). Mas o que mais vendeu foi o "Caixa Preta": 39.360 exemplares.


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