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DISCOS/LANÇAMENTOS
Gravadoras recuperam álbuns raros de Gal Costa, Elizeth Cardoso e Sergio Mendes
Epidemia de relançamentos
DA REPORTAGEM LOCAL
Até há pouco desprezado pelas gravadoras como fonte
de lucro, o catálogo vira ponte da
salvação em tempo de crise de
mercado, de novos talentos e de
voracidade dos piratas sobre os
"últimos lançamentos". Ao menos 54 discos originais de gravadoras e artistas diversos (a maioria deles inédita em CD ou fora de
catálogo há anos) estão chegando
às lojas neste agosto.
Vedete é a reedição, pela primeira vez reproduzindo a arte
gráfica original do LP de 1958, do
álbum "Canção do Amor Demais", em que a cantora Elizeth
Cardoso propulsionava a nascente bossa nova, apresentando o
violão de João Gilberto em "Chega de Saudade" e "Outra Vez".
Esse título integra o início das
reedições do catálogo da Eldorado, que havia sido abandonado
com a desestruturação de sua distribuidora. A Sony agora assumiu
a distribuição, e entre os primeiros discos recuperados (leia lista
completa à esquerda) destacam-se um semi-inédito do sambista
maranhense Antonio Vieira,
"Compositor Popular" (99), um
dos pontos culminantes da carreira de Zizi Possi, "Sobre Todas as
Coisas" (91), e a celebradíssima (e
já fora de catálogo) estréia do violonista Yamandú Costa, de 2001.
No quesito raridade compete
com Elizeth Cardoso uma das glórias do samba-jazz dos anos 60, o
álbum "Você Ainda Não Ouviu
Nada!" (64), de Sergio Mendes &
Bossa Rio, ressuscitado pelo selo
carioca Dubas. A BMG foi na onda e recupera três saborosos títulos da fase "easy listening" do músico bossa-novista, radicado desde os anos 60 nos Estados Unidos.
Com eles, a BMG dá continuidade à série "RCA Original", reforçada também por oito regulares CDs de Alcione, que refazem a
história da sambista nos anos 80.
A Sony faz o mesmo por Djavan
(com destaque para "Luz", de 82,
e "Coisa de Acender", de 92). Garante que remasterizou os discos,
mas seu jeitão gráfico e sonoro é o
mesmo com que eles já circulavam em CD há não muito tempo.
A omissão das datas originais, hábito nefasto da Sony, permanece.
Da Universal, a série "Tudo" focaliza desta vez Gal Costa, relançando o essencial da obra da cantora tropicalista, com realce para
os fundamentais "Gal Costa" e
"Gal" (ambos de 69), "Legal" (70),
"Fatal" (71), "Índia" (73), "Cantar" (74) e "Gal Canta Caymmi"
(76). A gravadora derrapa ao se
esquecer, numa série denominada "Tudo", de dois títulos de seu
catálogo em que a cantora desempenha papel fundamental: os coletivos "Temporada de Verão"
(74) e "Doces Bárbaros" (76).
Na lanterninha vem a EMI, que
recupera trabalhos de quilate como "Quero Voltar pra Bahia"
(70), de Paulo Diniz, e dois volumes de "Sax Voz", de Elizeth Cardoso com o recém-morto saxofonista Moacyr Silva. Apesar disso,
a série "Dois em Um" peca pelo
desrespeito dos projetos gráficos
originais dos discos e pela precariedade de informações básicas
como datas originais de edição.
O que fica também, da enxurrada de relançamentos, é o fuzuê geral nos preços praticados pelas
gravadoras. Partem da discrepância compreensível entre os R$ 11
prometidos pela EMI na feiosa série "Dois em Um" e os R$ 26 das
cuidadosas reedições de Sergio
Mendes. E chegam ao samba da
gravadora louca -Alcione por
R$ 15, Gal Costa por R$ 20, Djavan por R$ 24... Vá entender.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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