São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2008

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Do figurativo ao abstrato, mostra revê obra de Antonio Bandeira

Exposição na Pinakotheke São Paulo destaca peculiaridades do artista

JULIANA NADIN
DO GUIA DA FOLHA

No frescor de seus 20 e poucos anos, Antonio Bandeira (1922-1967) costumava exibir seu belo corpo nu em um bar undergound de Paris para ganhar alguns trocados. Sujeito de personalidade forte, o artista plástico, nascido em 1922, em Fortaleza, chegou a Paris em 1946 graças a uma bolsa para estudar na Escola Superior de Belas Artes e logo se tornou um dos nomes seminais do abstracionismo informal (ou lírico) brasileiro. Um grande panorama de suas pinturas, compostas muitas vezes por nervosas linhas coloridas, está exposto desde ontem na Pinakotheke São Paulo, em mostra que pretende apresentar ao público facetas e peculiaridades do artista que ultrapassam seus quadros. As 40 peças, entre desenhos, gravuras, monotipias, objetos pessoais, fotografias, roupas e poemas, foram selecionadas pelo curador e diretor da Pinakotheke Max Perlingeiro: "Bandeira tinha uma busca incessante pelo suporte. Ele pesquisou muito para conseguir rugosidade e textura", diz. Além de sua obra plástica, a mostra traz romance autobiográfico nunca publicado, de 1962, "Árvore da Infância", que poderá ser lido em uma tela sensível ao toque. Dez poemas escritos pelo cearense, cujos temas transitam por sua infância, pela natureza e pelo feminino, também estão expostos. Organizada de maneira cronológica, a individual conduz o espectador pela vida de Antonio Bandeira. As pinturas realizadas em Fortaleza e no Rio, de 1940 a 1946, antes de sua ida à Europa, marcam sua fase figurativa, na qual representa paisagens e naturezas-mortas. Nesse momento, mais precisamente em 1944, ele funda a Sociedade Cearense de Belas Artes, com artistas como Inimá de Paula, Aldemir Martins e João Maria Siqueira. Na França do pós-guerra, convive com o fotógrafo e pintor alemão Alfred Otto Wolfgang Schulze, e sua arte muda bruscamente para a abstração informal, que não exige obrigatoriedades lineares. No Brasil artistas se influenciam diretamente pelo estilo. "Os abstracionistas brasileiros tinham profundo respeito por ele. Já os figurativistas daqui sentiam repulsa. Di Cavalcanti era totalmente contra a abstração e chegou a brigar com Portinari por ele ter ficado em cima do muro nesta questão", revela o curador da exposição.

ANTONIO BANDEIRA (1922-1967)
Quando: seg. a sex., 10h às 20h; sáb. 10 às 16h; até 10/10
Onde: Pinakotheke São Paulo (r. Ministro Nelson Hungria, 200, tel. 0/xx/ 11/3758-5202
Quanto: entrada franca
Classificação indicativa: livre



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