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Do figurativo ao abstrato, mostra revê obra de Antonio Bandeira
Exposição na Pinakotheke São Paulo destaca peculiaridades do artista
JULIANA NADIN
DO GUIA DA FOLHA
No frescor de seus 20 e poucos anos, Antonio Bandeira
(1922-1967) costumava exibir
seu belo corpo nu em um bar
undergound de Paris para ganhar alguns trocados.
Sujeito de personalidade forte, o artista plástico, nascido
em 1922, em Fortaleza, chegou
a Paris em 1946 graças a uma
bolsa para estudar na Escola
Superior de Belas Artes e logo
se tornou um dos nomes seminais do abstracionismo informal (ou lírico) brasileiro.
Um grande panorama de
suas pinturas, compostas muitas vezes por nervosas linhas
coloridas, está exposto desde
ontem na Pinakotheke São
Paulo, em mostra que pretende
apresentar ao público facetas e
peculiaridades do artista que
ultrapassam seus quadros.
As 40 peças, entre desenhos,
gravuras, monotipias, objetos
pessoais, fotografias, roupas e
poemas, foram selecionadas
pelo curador e diretor da Pinakotheke Max Perlingeiro:
"Bandeira tinha uma busca incessante pelo suporte. Ele pesquisou muito para conseguir
rugosidade e textura", diz.
Além de sua obra plástica, a
mostra traz romance autobiográfico nunca publicado, de
1962, "Árvore da Infância", que
poderá ser lido em uma tela
sensível ao toque. Dez poemas
escritos pelo cearense, cujos temas transitam por sua infância,
pela natureza e pelo feminino,
também estão expostos.
Organizada de maneira cronológica, a individual conduz o
espectador pela vida de Antonio Bandeira. As pinturas realizadas em Fortaleza e no Rio, de
1940 a 1946, antes de sua ida à
Europa, marcam sua fase figurativa, na qual representa paisagens e naturezas-mortas.
Nesse momento, mais precisamente em 1944, ele funda a Sociedade Cearense de Belas Artes, com artistas como Inimá de
Paula, Aldemir Martins e João
Maria Siqueira.
Na França do pós-guerra,
convive com o fotógrafo e pintor alemão Alfred Otto Wolfgang Schulze, e sua arte muda
bruscamente para a abstração
informal, que não exige obrigatoriedades lineares.
No Brasil artistas se influenciam diretamente pelo estilo.
"Os abstracionistas brasileiros
tinham profundo respeito por
ele. Já os figurativistas daqui
sentiam repulsa. Di Cavalcanti
era totalmente contra a abstração e chegou a brigar com Portinari por ele ter ficado em cima do muro nesta questão", revela o curador da exposição.
ANTONIO BANDEIRA
(1922-1967)
Quando: seg. a sex., 10h às 20h; sáb.
10 às 16h; até 10/10
Onde: Pinakotheke São Paulo (r. Ministro Nelson Hungria, 200, tel. 0/xx/
11/3758-5202
Quanto: entrada franca
Classificação indicativa: livre
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