São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2008

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Homenagem a Tom tem até sambinha improvisado

Em apresentação no Rio, Caetano e Roberto Carlos cantaram "Wave", "Garota de Ipanema", "A Felicidade" e outros clássicos do compositor da bossa nova

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Com uma apresentação muito aplaudida pelo público que lotou o Teatro Municipal do Rio ontem à noite, Roberto Carlos e Caetano Veloso cantaram juntos em um show que homenageou Tom Jobim.
Os dois cantores entraram no palco às 21h40 (com 40 minutos de atraso), logo após o sistema de som trazer João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Morais cantando em tom de conversa, na histórica introdução de "Garota de Ipanema" registrada num show de 1962.
E foi com o célebre "olha que coisa mais linda, mais cheia de graça" que Roberto e Caetano abriram a apresentação em dupla, sentados em dois banquinhos brancos, à frente de um grande painel em preto e branco no qual se destacava a silhueta de Tom.
No meio da canção, cuja letra Roberto leu (como faria em quase todas as músicas), Caetano precisou lembrar ao rei do interlúdio vocal ("pã, pãrã...") que ambos haviam combinado. "Eu esqueci, mas ele me lembrou", disse Roberto.
"Ele é demais", disse Caetano sobre seu companheiro de palco, antes de a dupla entrar no segundo clássico da noite, "Wave" -esta, com os dois já de pé, chegando a improvisar um sambinha (Roberto com as mãos, Caetano com os pés).
Ao fim da música, Roberto dirigiu-se à platéia. "Obrigado, que prazer estar com vocês. É uma honra para mim, uma alegria maravilhosa fazer esse show com o Caetano, um cara que eu admiro."
"Eu não vou dizer nada sobre ele", respondeu Caetano, provocando risadas no público. Roberto, então, anunciou equivocadamente que deixaria o palco para Caetano -o baiano o corrigiu, chamando Daniel Jobim, neto de Tom, para cantar "Águas de Março" sozinho, ao piano, com um chapéu igual aos que o avô usava.
Depois foi a vez da apresentação solo de Caetano, que começou com "Por Toda a Minha Vida", seguida de "Ela É Carioca" e "Inútil Paisagem".
Após apresentar sua banda e a orquestra, regida por Jaques Morelenbaum, ele cantou "Meditação" e a grandiosa "Caminho de Pedra", que mereceu comentário posterior.
"Essa é uma canção do Tom Jobim com Vinicius de Morais pouco conhecida, mas que eu conheço desde criança, ouvi no disco da Elizeth [Cardoso; "Canção do Amor Demais", 1958] e gosto muito, ela tem um mistério, um tom diferente. Antes que se começasse a falar de sertão, a se olhar para o morro, Tom o fez, e melhor do que todos os que fizeram depois."
Caetano encerrou sua parte com "O que Tinha de Ser", que foi muito aplaudida. A ele se seguiu um momento solo da orquestra tocando "Surfboard", enquanto o palco era ajeitado para Roberto cantar sozinho.
O rei entrou às 22h21, apresentando sua versão em espanhol para "Insensatez" dizendo que teve "o atrevimento de fazer essa letra". Com ele, sua banda, RC9, regida por Eduardo Lages.
Descontraído, Roberto cantou "Por Causa de Você" e, na seqüência, teve seu momento João Gilberto, repetindo, quase na mesma ordem, três canções que o baiano tocou em seu primeiro show no Auditório Ibirapuera: "Lígia" (uma das mais aplaudidas da noite), "Corcovado" e "Samba do Avião" -esta última, com coro da platéia.
Outro momento de destaque foi sua interpretação de "Eu Sei que Vou te Amar" entremeada por uma declamação do "Soneto da Fidelidade", de Vinicius.
Depois, o rei chamou Caetano ao palco novamente, para "bater um papo" ao som de "Teresa da Praia", repetindo Dick Farney e Lúcio Alves.
Juntos, finalizaram a apresentação com "A Felicidade" e "Chega de Saudade". Às 22h57 as cortinas se fecharam, mas se abririam pouco depois, para um bis que teve "Se Todos Fossem Iguais a Você" ("Essa música a gente tá cantando pro Tom", disse Roberto) e um repeteco de "Chega de Saudade".


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