São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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ANÁLISE

O Apocalipse perto de você

MARCO CHIARETTI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O cinema sempre gostou do fim do mundo. Há momentos em que este amor aumenta muito, como parece ser o caso desta temporada. Época de crise, medo da gripe. E lá vai o mundo para o beleléu.
Essa mania de acabar com tudo não é prerrogativa cinematográfica, diga-se. Surpreende que o mundo ainda exista, dada a abundância de sinais, indícios e profecias.
A Bíblia é, no final das contas, uma coleção de livros sobre o "the end" e a revelação do recomeço. O que o cinema faz é exagerar nos efeitos e reunir-nos na sala escura, assustados.
O mundo vai acabar, sabemos todos. Só muda a data e o jeito de terminar. Em 2012, por exemplo. Coisa dos maias, que profetizaram o fim para 21 de dezembro daquele ano, prato cheio para um filme repleto de efeitos especiais. Para os maias, diga-se, seu mundo acabou antes. Mel Gibson filmou.
Houve outras datas fatídicas antes dessa -e haverá outras depois. Até hoje, como se pode concluir pela leitura deste jornal, os profetas do Apocalipse não acertaram. Na Idade Média, por exemplo, a data fatídica caía no ano mil, e o medo varreu a Europa, com milhões pensando no assunto.
O mundo não acabou. Alguns séculos depois, Nostradamus anunciou o horror tomando cuidado para que não se entendesse nada.
Sempre é citado. No século 19, houve uma epidemia de apocalipses revelados. Por sorte, o anjo não desceu, e sobrevivemos. Em 1999, disseram que tudo que conhecíamos iria dançar com o bug do milênio. Nem a TV a cabo caiu.
Além da questão da data, há o tema da forma. Como vai acabar? Para os mais lidos, em um suspiro. Com água, como nos dilúvios universais vários? Há 50 anos, o mundo terminava em fogo, com uma explosão termonuclear pertinho de você.
Havia o espectro das bombas de cobalto, definitivas, ultraradioativas (como em "Doutor Fantástico"). "O Dia Seguinte", de 83, parecia documentário, de tão realista. De lá pra cá, a moda passou um pouco, mas a Bomba está sempre por aí.
Pestes vivem acabando com os humanos (bichos e plantas costumam sobreviver).
Há também o eterno ciclo dos corpos celestes. Volta e meia, um cometa ou asteroide bate em nós. "Impacto Profundo" e "Armageddon" lembram "Ragnarok", best-seller do final do século 19. Dependendo do tamanho da coisa, não sobra ninguém. Nem nada. C'est fini.
E se não forem bombas, bichos e asteroides, pode ser o clima, aliens malvados, aliens insensíveis, "nanorobots" devoradores de planetas, explosões solares, buracos negros artificiais, nuvens estelares sem nada pra fazer, inteligências artificiais ultrainteligentes. O menu é amplo.
De todo modo, daqui a 4 ou 5 bilhões de anos, o Sol terá acabado de queimar tudo o que puder e vai explodir, crescendo até o tamanho da órbita de Júpiter, ou por aí. A Terra, a esfera azul, vai torrar. Mesmo. Mas ainda falta algum tempo.


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