São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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Ásia se rende à voz da brasileira que canta em mandarim

Lisa Ono, que gravou com Tom Jobim, vendeu 200 mil discos em que usa bossa nova para recriar canções asiáticas
Radicada em Tóquio, ela lança CD em coreano, mongol, tailandês, cingalês, malaio, bengali e mandarim

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A letra fala de navegar, o arranjo é em bossa nova e a cantora nasceu em São Paulo. Mas a música se chama "Bengawan Solo" e o barquinho desliza no azul de um rio na ilha de Java.
O improvável encontro se deve à nipo-brasileira Lisa Ono, 48. Com 21 anos de carreira, ela é a responsável pela popularização da bossa nova no Japão, onde vendeu mais de 200 mil cópias.
Os outros países asiáticos chegaram aos poucos, conta Lisa à Folha, por telefone. Apenas no ano passado, a "rainha da bossa nova", como ficou conhecida, foi a dez cidades chinesas, atraindo média de 2.000 pessoas por show, segundo ela. Também se apresentou na Tailândia, em Taiwan e em Cingapura.
O resultado é o recém-lançado "Ásia", com faixas em coreano, mandarim, malaio, bengali, tailandês, cingalês e mongol. Geralmente, são canções tradicionais. Caso de "Rasa Sayang", música folclórica malaia que ganhou arranjo próximo ao forró.

"ESTRADA BRANCA"
Embora tenha se mudado do Brasil para Tóquio nos anos 1970, aos dez anos, ela tem dupla cidadania, mantém o português intacto e produziu vários discos no Rio com músicos brasileiros.
Seu grande orgulho foi ter gravado "Estrada Branca" com Tom Jobim em 1994. "Foi maravilhoso. Ensaiei na casa dele, tinha um piano acústico Yamaha, tinha o som dos passarinhos."
Embora não viaje ao Brasil há dez anos, o contato com o país permanece por meio de artistas brasileiros que ajuda a levar ao Japão.
Há três anos, Paulo Jobim, Daniel Jobim e Miúcha viajaram até Tóquio, onde gravaram um álbum com Lisa. Neste ano, foi a vez de Dori Caymmi. "Sempre quando estou com saudades, em vez de eu ir, eu os chamo."


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