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MÚSICA
Autor do mais bem-sucedido álbum de eletrônica, produtor norte-americano se apresenta como DJ em festa no Rio
Moby ataca Bush, finaliza CD e vem ao Brasil
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Autor de um álbum que vendeu
mais de 10 milhões de cópias e
proprietário de uma casa de chá
em Nova York, Moby ultimamente está ocupado com basicamente
dois assuntos: finalizar o próximo
disco e atacar George W. Bush.
"Para mim, ele é o mais estúpido e o mais corrupto presidente
da história dos Estados Unidos",
afirma o DJ e produtor em entrevista por e-mail à Folha.
Nascido em 11 de setembro de
1965, no Harlem, Richard Melville
Hall, que há cinco anos, com
"Play", criou o mais bem-sucedido comercialmente disco da história da música eletrônica, se
mostra quase resignado quanto a
uma possível vitória de Bush nas
eleições de novembro. "Acho que
ou os norte-americanos são ignorantes ou escolhem ser ignorantes. Muitos vão votar nele apenas
porque enxergam em Bush um
bom modelo paterno."
Política é assunto quase onipresente nas conversas de Moby tanto em entrevistas quanto no diário que atualiza em seu site,
www.moby.com. E ele volta a ser
notícia quente no Brasil porque
desembarca no Rio de Janeiro no
próximo final de semana, como
atração de uma festa da marca de
roupas Diesel, no hotel Glória.
Será evento fechado, para 1.300
convidados da empresa -entre
eles Fernanda Torres, Miguel Falabella e Rodrigo Santoro-, mas
não um show: Moby se apresentará como DJ, tocando entre 1h30 e
3h30 de sábado para domingo.
Horas depois de tocar por aqui,
ele volta a Nova York, onde finaliza o que será o sucessor de "18"
(2002), que deve sair no ano que
vem. "Já tenho umas 150 canções
preparadas. Será um disco new
wave e melódico", diz, e bem diferente da linhagem soul/gospel de
seus dois últimos álbuns. "Realmente não soa em nada como
"Play" ou "18". E será um disco
completamente livre de samples."
A vingança do nerd
Multiinstrumentista, Moby é
também artista multifacetado. Está no ramo desde 1980, quando
começou tocando rock numa
banda chamada Vatican Commandos. No final dos anos 80,
passou a produzir música eletrônica e, em 1991, utilizando sample
da música-tema da série "Twin
Peaks", de David Lynch, teve o
primeiro sucesso com o hit "Go".
Entre 1995 e 1997, lançou três
discos ("Everything Is Wrong",
"Animal Rights e "I Like to Score"). Nenhum teve grande suporte da gravadora e, sem conseguir
alcançar vendagens altas, Moby
foi demitido. Sem muitos recursos, fez uma viagem pelo sul dos
EUA onde teve contato com vários cantores de soul e blues. Dali
surgiu a inspiração para "Play".
"Não sei como aconteceu todo
aquele sucesso, pois é apenas um
disco produzido no meu apartamento. É irônico: um pequeno álbum, feito por um cara pequeno,
num apartamento pequeno tornou-se tão grande. A indústria da
música tem cometido uma série
de erros e tratado mal os artistas.
Espero que agora, que esse sistema está se desfigurando, as gravadoras se dêem conta de que devem nos respeitar mais."
Mas há um fator que ajuda a explicar o sucesso de "Play". O disco, na época que foi lançado, não
começou vendendo bem. Moby
então licenciou todas as músicas
do álbum para comerciais, filmes
e seriados de TV. "Play" passou a
ser tocado e ouvido em todos os
lugares. E explodiu nas lojas do
mundo inteiro. Sobre a "tática",
ele rebate: "Nunca licenciei canções para vender produtos relacionados a animais e a tabaco ou
que eu não usaria".
Vegetariano, Moby abriu em
2002 uma casa de chá em Nova
York, a Teany. "Vou lá todos os
dias. É um lugar simples e pequeno, como eu. Chá orgânico é um
drinque milagroso, tem mais vitaminas e antioxidantes do que
qualquer outro alimento."
Assumidamente um "nerd"
musical e social, Moby é também
religioso. "Adoro os ensinamentos de Cristo, que nos encorajam a
sermos amáveis e misericordiosos. Mas eu nunca entraria numa
discussão por causa de religião."
No Brasil
Moby diz que em seu set tocará
"disco music e house alegre, divertida". Está é a segunda vez que
ele vem ao país -em maio de
1993, ao lado, entre outros, do duo
inglês Altern 8 e do americano
Mark Kamins- ele protagonizou
aquela que é considerada a primeira rave de grande porte do
país, a "The Dance Party", ocorrida num galpão na al. Eduardo
Prado, centro de São Paulo, para
quase 3.000 pessoas.
O DJ paulista Mau Mau, que
participou da festa, conta: "Na
época, era estranho para o público esse tipo de música e de festa. O
Moby tocou utilizando uma bateria eletrônica e teclados".
A rave passou também por Curitiba e Porto Alegre, e Moby foi
vítima de uma gafe. Os produtores do evento organizaram um almoço de boas-vindas aos DJs, e levaram todos a uma... churrascaria. Moby ficou ofendido e depois
disso não fez questão nenhuma
em interagir com o restante do
grupo. "Ele é simpático, mas muito tímido", diz Mau Mau.
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