São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007 |
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Crítica/"O Segredo de Berlim" Soderbergh tem pouco a dizer em filme noir CRÍTICO DA FOLHA
A história de "O Segredo
de Berlim" está na hora
certa e no lugar certo,
ou seja: Berlim, 1945. A guerra
acabou na Europa, os líderes
dos Aliados preparam-se
para se encontrar na Alemanha
destruída pela guerra.
É nesse momento que termina aquele mundo em que, como
define um dos personagens, sabemos quem é bom e quem é
mau. Agora isso acabou. Estamos no mundo de "O Terceiro
Homem": ninguém sabe quem
é quem. O soldado heróico está
envolvido com o mercado negro. Os russos saqueiam o que
restou do país. Os americanos
recrutam velhos nazistas para
que comandem sua ciência.
É nesse mundo que desembarca o jornalista George Clooney. É correspondente de guerra, mas está interessado em
reencontrar a antiga namorada
Cate Blanchett. E esta é uma
caixa de mistérios: será nazista,
jornalista, judia, prostituta, informante, um pouco de tudo?
Não lhe falta mistério, isto é
certo. O que não significa que
seja memorável como a Ingrid
Bergman de "Casablanca" (e o
final do filme acena para isso).
Da mesma forma, Clooney não
tem jeito para detetive de filme
noir. Não parece com Glenn
Ford, nem com Bogart. Leva
mais jeito para Cary Grant.
Filmando em preto-e-branco, Steven Soderbergh parece
disposto a confirmar que é um
cineasta capaz de fazer qualquer coisa. Transita do "divertissement" de grande maquinário ("Treze Homens e um Novo
Segredo") para o feminismo
"de prestígio" ("Erin Brokovich") e daí para o filme de mistério feito quase todo com câmera baixa. Soderbergh tem
habilidade para ser moderno
ou clássico. O que não tem é
força de caráter para realizar
uma obra que revele quem ele
é, o que tem a dizer. Talvez por
isso "O Segredo de Berlim" seja
um filme que se deixa ver sem
dificuldade, mas que se tende a
esquecer rapidamente.
(IA)
O SEGREDO DE BERLIM
Direção: Steven Soderbergh
Distribuidora: Warner (R$ 45)
Avaliação: regular
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