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Histeria marca show de estréia de Marcelo Camelo
Berrando e chorando, fãs lotaram teatro no Recife e já sabiam cantar as músicas do ex-vocalista do Los Hermanos
Canções intimistas de Camelo ganham peso no palco com arranjos executados pelo grupo instrumental Hurtmold
ADRIANA FERREIRA SILVA
ENVIADA ESPECIAL A RECIFE
Se a temperatura do primeiro show solo de Marcelo Camelo for o parâmetro para o restante de sua turnê -que passa
por São Paulo em outubro-, o
clima deve esquentar e o ex-vocalista do Los Hermanos será o
grande artista pop de 2008.
Centenas de pessoas de diversas cidades do Nordeste lotaram o teatro da Universidade
Federal de Pernambuco na última sexta, para assistir à estréia de Camelo, que encerrou a
primeira noite do festival recifense No Ar Coquetel Molotov.
Os 2.000 ingressos para o espaço se esgotaram com quase
uma semana de antecedência.
Fãs seguravam cartazes em que
se liam declarações de amor ao
carioca, sinais de alvoroço que
começou muito antes de sua
entrada e se estendeu por toda
a apresentação com cenas de
histeria de garotas berrando e
chorando.
O que mais impressionou, no
entanto, foi que o primeiro disco de Camelo pós-Hermanos, o
intimista "Sou", chegou às lojas
há menos de uma semana, mas
todos sabiam as letras de cor e
as entoavam em coro do início
ao fim. Quem já foi a um show
do Los Hermanos entende o fenômeno. Os órfãos da banda já
têm um novo líder.
Era o que proclamavam integrantes de fãs-clubes e de comunidades on-line do grupo,
como o potiguar Nelson Túlio
Lima, 14, que foi de João Pessoa
para o show. "O som [do novo
CD] tem tudo a ver com o que
ele fazia no Los Hermanos. Por
isso é tão bom", disse Lima.
Também de João Pessoa,
Ana Cristina Felipe, 33, tricotou, especialmente para a ocasião, uma camiseta com o título
de uma das músicas novas de
Camelo, "Menina Bordada".
"Quando soube que o Los Hermanos tinha acabado, fiquei
triste como se tivesse perdido
um amigo querido", contou
Ana Cristina. "Sempre os achei
especiais, porque um mesmo
disco trazia muitos ritmos diferentes. Pareciam várias bandas
em uma só. Na primeira vez
que ouvi o álbum do Marcelo
Camelo achei meio devagar.
Mas já aprendi a gostar."
Peso
Pois se em registro "Sou" é
bastante introspectivo e até um
pouco monótono, ao vivo a sonoridade surpreende, alternando momentos delicados,
com o cantor sozinho, ao violão, e outros bem animados.
A diferença entre o CD e a
performance ocorre graças à
parceria entre Camelo e o grupo de música instrumental
Hurtmold, que já pode ser celebrado como uma das melhores
deste ano. Com mais peso, as
músicas ganham arranjos elegantes, pontuados, principalmente, por Guilherme Granado (vibrafone), Maurício Takara (bateria) e pelo trompetista
americano Rob Mazurek, em
participação especial.
Todas as faixas do disco novo
foram mostradas, com participação de Mallu Magalhães em
duas: "Janta" e "Morena" -esta última, dos Hermanos. Muitos adolescentes, aliás, compareceram ao segundo dia do festival, no sábado, para ver Mallu.
"Valeu muito ter vindo", comemorou Clarissa Xavier Pereira,
13. "As versões que ela fez para
os Beatles foram fantásticas!"
Além de Mallu e Camelo, a
quinta edição do No Ar Coquetel Molotov, que reuniu cerca
de 8.000 pessoas, teve as bandas suecas Peter Bjorn and
John, Shout Out Louds e Club 8
(leia ao lado), o projeto canadense Final Fantasy e atrações
nacionais, como Guizado, Cidadão Instigado e MC Akin.
Avaliação: ótimo (Marcelo Camelo)
A jornalista ADRIANA FERREIRA SILVA viajou
a convite do festival.
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