São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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Histeria marca show de estréia de Marcelo Camelo

Berrando e chorando, fãs lotaram teatro no Recife e já sabiam cantar as músicas do ex-vocalista do Los Hermanos

Canções intimistas de Camelo ganham peso no palco com arranjos executados pelo grupo instrumental Hurtmold


ADRIANA FERREIRA SILVA
ENVIADA ESPECIAL A RECIFE

Se a temperatura do primeiro show solo de Marcelo Camelo for o parâmetro para o restante de sua turnê -que passa por São Paulo em outubro-, o clima deve esquentar e o ex-vocalista do Los Hermanos será o grande artista pop de 2008.
Centenas de pessoas de diversas cidades do Nordeste lotaram o teatro da Universidade Federal de Pernambuco na última sexta, para assistir à estréia de Camelo, que encerrou a primeira noite do festival recifense No Ar Coquetel Molotov.
Os 2.000 ingressos para o espaço se esgotaram com quase uma semana de antecedência.
Fãs seguravam cartazes em que se liam declarações de amor ao carioca, sinais de alvoroço que começou muito antes de sua entrada e se estendeu por toda a apresentação com cenas de histeria de garotas berrando e chorando.
O que mais impressionou, no entanto, foi que o primeiro disco de Camelo pós-Hermanos, o intimista "Sou", chegou às lojas há menos de uma semana, mas todos sabiam as letras de cor e as entoavam em coro do início ao fim. Quem já foi a um show do Los Hermanos entende o fenômeno. Os órfãos da banda já têm um novo líder.
Era o que proclamavam integrantes de fãs-clubes e de comunidades on-line do grupo, como o potiguar Nelson Túlio Lima, 14, que foi de João Pessoa para o show. "O som [do novo CD] tem tudo a ver com o que ele fazia no Los Hermanos. Por isso é tão bom", disse Lima.
Também de João Pessoa, Ana Cristina Felipe, 33, tricotou, especialmente para a ocasião, uma camiseta com o título de uma das músicas novas de Camelo, "Menina Bordada".
"Quando soube que o Los Hermanos tinha acabado, fiquei triste como se tivesse perdido um amigo querido", contou Ana Cristina. "Sempre os achei especiais, porque um mesmo disco trazia muitos ritmos diferentes. Pareciam várias bandas em uma só. Na primeira vez que ouvi o álbum do Marcelo Camelo achei meio devagar.
Mas já aprendi a gostar."

Peso
Pois se em registro "Sou" é bastante introspectivo e até um pouco monótono, ao vivo a sonoridade surpreende, alternando momentos delicados, com o cantor sozinho, ao violão, e outros bem animados.
A diferença entre o CD e a performance ocorre graças à parceria entre Camelo e o grupo de música instrumental Hurtmold, que já pode ser celebrado como uma das melhores deste ano. Com mais peso, as músicas ganham arranjos elegantes, pontuados, principalmente, por Guilherme Granado (vibrafone), Maurício Takara (bateria) e pelo trompetista americano Rob Mazurek, em participação especial.
Todas as faixas do disco novo foram mostradas, com participação de Mallu Magalhães em duas: "Janta" e "Morena" -esta última, dos Hermanos. Muitos adolescentes, aliás, compareceram ao segundo dia do festival, no sábado, para ver Mallu.
"Valeu muito ter vindo", comemorou Clarissa Xavier Pereira, 13. "As versões que ela fez para os Beatles foram fantásticas!" Além de Mallu e Camelo, a quinta edição do No Ar Coquetel Molotov, que reuniu cerca de 8.000 pessoas, teve as bandas suecas Peter Bjorn and John, Shout Out Louds e Club 8 (leia ao lado), o projeto canadense Final Fantasy e atrações nacionais, como Guizado, Cidadão Instigado e MC Akin.

Avaliação: ótimo (Marcelo Camelo)


A jornalista ADRIANA FERREIRA SILVA viajou a convite do festival.


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