São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2010

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Ovacionado em NY, Martins relembra o "pior de sua vida"

No palco com a Filarmônica Bachiana, maestro diz ter encontrado consolo em Morricone durante internação

Parte do público ficou de pé ao ouvir o hino nacional brasileiro no concerto; repertório teve Bach e Villa-Lobos

VIVIEN SCHWEITZER
DO "NEW YORK TIMES"

O indomável maestro brasileiro João Carlos Martins, 70, enfrentou imensos obstáculos; sua carreira como pianista foi prejudicada devido a um ferimento sofrido jogando futebol, uma lesão por esforço repetitivo, um tumor na mão esquerda e um assalto que o tornou incapaz de usar o braço direito.
Falando do palco do Avery Fischer Hall, em Nova York, depois de concerto, domingo, com a Filarmônica Bachiana, grupo fundado por ele em 2004, Martins relembrou aquele que descreve como o pior dia de sua vida, em uma internação hospitalar.
Ele contou ter encontrado consolo na música de Ennio Morricone para o filme "Cinema Paradiso", que ouviu ao ligar a televisão naquele dia.
No bis, Martins (ao piano) e a orquestra tocaram excertos de "Cinema Paradiso" e de "Gabriel's Oboe", um dos temas de Morricone para o filme "A Missão".
O segundo bis, com um arranjo de Mateus Araújo para o hino nacional brasileiro, fez com que muitos dos espectadores, em plateia lotada de pessoas que entendiam português, ouvissem de pé.
Martins, ovacionado ao subir ao palco, abriu o concerto com uma interpretação vigorosa de "Jesus, Alegria dos Homens", da cantata 147 de Bach, em arranjo de Charles Roberts. Bach sempre foi um elemento importante na carreira de Martins ao piano.
O pianista brasileiro Arthur Moreira Lima foi o habilidoso solista no "Concerto nº 1 para Piano", de Ginastera, que combina dodecafonismo, ritmos argentinos de dança e outras técnicas musicais folclóricas e clássicas.
Como bis depois da peça de Ginastera, Lima ofereceu uma leitura nuançada do "Scherzo nº 2" de Chopin.
A segunda metade do programa foi concluída por uma intepretação vivaz da "Bachiana nº 7", de Villa-Lobos, que mistura ritmos brasileiros e as estruturas de Bach.


Tradução de Paulo Migliacci


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