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Ovacionado em NY, Martins relembra o "pior de sua vida"
No palco com a Filarmônica Bachiana, maestro diz ter encontrado consolo em Morricone durante internação
Parte do público ficou de pé ao ouvir o hino nacional brasileiro no concerto; repertório teve Bach e Villa-Lobos
VIVIEN SCHWEITZER
DO "NEW YORK TIMES"
O indomável maestro brasileiro João Carlos Martins,
70, enfrentou imensos obstáculos; sua carreira como pianista foi prejudicada devido
a um ferimento sofrido jogando futebol, uma lesão por
esforço repetitivo, um tumor
na mão esquerda e um assalto que o tornou incapaz de
usar o braço direito.
Falando do palco do Avery
Fischer Hall, em Nova York,
depois de concerto, domingo, com a Filarmônica Bachiana, grupo fundado por
ele em 2004, Martins relembrou aquele que descreve como o pior dia de sua vida, em
uma internação hospitalar.
Ele contou ter encontrado
consolo na música de Ennio
Morricone para o filme "Cinema Paradiso", que ouviu ao
ligar a televisão naquele dia.
No bis, Martins (ao piano)
e a orquestra tocaram excertos de "Cinema Paradiso" e
de "Gabriel's Oboe", um dos
temas de Morricone para o
filme "A Missão".
O segundo bis, com um arranjo de Mateus Araújo para
o hino nacional brasileiro,
fez com que muitos dos espectadores, em plateia lotada de pessoas que entendiam
português, ouvissem de pé.
Martins, ovacionado ao
subir ao palco, abriu o concerto com uma interpretação
vigorosa de "Jesus, Alegria
dos Homens", da cantata 147
de Bach, em arranjo de Charles Roberts. Bach sempre foi
um elemento importante na
carreira de Martins ao piano.
O pianista brasileiro Arthur Moreira Lima foi o habilidoso solista no "Concerto
nº 1 para Piano", de Ginastera, que combina dodecafonismo, ritmos argentinos de
dança e outras técnicas musicais folclóricas e clássicas.
Como bis depois da peça
de Ginastera, Lima ofereceu
uma leitura nuançada do
"Scherzo nº 2" de Chopin.
A segunda metade do programa foi concluída por uma
intepretação vivaz da "Bachiana nº 7", de Villa-Lobos,
que mistura ritmos brasileiros e as estruturas de Bach.
Tradução de Paulo Migliacci
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