São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2010

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Bienal veta obra de artista pró-Dilma

Instalação do argentino Roberto Jacoby, que fazia campanha pela petista, foi coberta com papel no pavilhão

Justiça Eleitoral disse em nota à Fundação Bienal que obra é ilegal por usar prédio e verbas públicas em campanha

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Funcionários da Bienal censuraram ontem a obra do argentino Roberto Jacoby na Bienal de São Paulo, que será aberta ao público no sábado.
Curadores da mostra mandaram cobrir o trabalho após receber uma notificação do Tribunal Reginal Eleitoral de São Paulo, afirmando "ser vedada a veiculação de propaganda nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público".
"El Alma Nunca Piensa Sin Imagen", obra de Jacoby, era uma instalação que reproduzia a campanha política no pavilhão do Ibirapuera, em que assistentes do artista apoiavam a candidata Dilma Rousseff (PT), distribuindo material promocional.
"Somos obrigados a retirar a obra sob risco de cometer um crime eleitoral", disse à Folha o curador-geral da Bienal, Moacir dos Anjos. "É um crime porque é um prédio público que está sendo usado para campanha."
Agnaldo Farias, outro curador-geral da mostra, disse que o projeto apresentado por Jacoby tratava de uma campanha fictícia. "Ficamos perplexos quando vimos que se tratava da campanha real", afirmou. "Sabíamos que teríamos problemas."
A diretoria da Bienal então enviou carta ao TRE-SP perguntando sobre a legalidade do trabalho. Em nota emitida anteontem, o órgão diz que cabe ao Tribunal Superior Eleitoral julgar a questão, mas alertou para o fato de a Bienal ser um imóvel da prefeitura e receber verbas públicas para fazer a exposição.
"Foi a Bienal que fez a denúncia, é com isso que eu fico preocupado", disse Jacoby ontem. "Disseram que não sabiam, mas mentiram porque já tinham o catálogo impresso com as fotos."
Dos Anjos e Farias afirmam que receberam as imagens, que estão no catálogo e faziam parte da obra, no último dia de edição do livro. "Pensamos que as fotos fossem ilustrativas de uma campanha", disse Dos Anjos.
Mesmo que as eleições terminem no primeiro turno, a obra não deve voltar a ser exposta. "Não teria sentido", diz Dos Anjos. "O trabalho já teve seu êxito, já fez a instituição tomar um partido."


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