São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Coleção Folha lança 'Hiroshima, Mon Amour' no domingo

Filme de Alain Resnais entrelaça romance com memórias sobre a bomba atômica

DE SÃO PAULO

A Coleção Folha Cine Europeu lança, neste domingo, uma preciosidade do cinema: "Hiroshima, Mon Amour". Acompanhando o filme, rodado em 1959, um livro destrincha a obra de seu diretor, Alain Resnais, e traz mais informações sobre a produção.
Na história, um homem e uma mulher, ambos casados e desconhecidos, amam-se clandestinamente em Hiroshima. A cidade, 14 anos antes, havia sido fulminada pela bomba atômica lançada pelos norte-americanos em agosto de 1945. Ele (Eiji Okada) é um arquiteto japonês. Ela (Emmanuelle Riva), uma atriz francesa que está na cidade para participar de um filme pacifista.
Mais que a atração que surge diante dessa impossibilidade típica dos romances de viagem, sempre efêmeros, o que está em conta é a história de vida dos dois.
Ele teve uma experiência direta, "in loco", com a explosão da bomba. Rebate a visão da amante, que acredita que apenas visitando um museu e vendo imagens capturadas das ruínas pode saber a fundo o que foi a tragédia.
Por outro lado, ela também passou por um trauma ao se apaixonar por um alemão durante a Segunda Guerra. Além do carisma dos atores centrais, "Hiroshima, Mon Amour" marcou a história do cinema por suas imagens fortes e seus deslocamentos narrativos que acompanham os fluxos mentais dos personagens.
A introdução, de 15 minutos, faz parte da antologia do cinema. A conversa do casal é entrelaçada com imagens de registros ficcionais e documentais, aproximando seus corpos suados a imagens da Hiroshima de 1959 e da recém-afetada pela bomba, as vítimas, os sobreviventes.
Com trilha de Georges Delerue e roteiro assinado pela escritora Marguerite Duras, "Hiroshima, Mon Amour" continua com questões de filmes anteriores do cineasta, como o documentário "Noite e Neblina" (1955), sobre a memória do Holocausto. A modernidade de Resnais, contemporânea à nouvelle vague francesa, faria bela frente aos filmes de colegas como Jean-Luc Godard e Jacques Rivette.
Nos anos seguintes, assinaria alguns trabalhos radicais, como "O Ano Passado em Marienbad" (1961) e "Providence" (1977). Além da volatilidade da memória, os filmes de Resnais focam na ação do homem, justamente aquela que constrói a história humana, a presente e a inventariada.
Dessa premissa partem algumas obras mais recentes do diretor, que não se furtou a passear por diversos gêneros. Seja a comédia musical "Amores Parisienses" (1997), seja a comédia "louca", senão surrealista, de "Ervas Daninhas" (2009). Aos 89 anos, ainda está na ativa e roda longa com o ator Mathieu Amalric, previsto para ser lançado em 2012.


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