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TIM FESTIVAL
Líder do grupo Mundo Livre S/A diz que "direito é coisa que muda"; primeira noite no Rio também teve Strokes e Jamie Lidell
Protesto contra armas marca abertura do Tim Festival
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
A primeira noite do Tim Festival, anteontem no MAM do Rio,
foi marcada pela impecável estréia da banda americana The
Strokes em palcos brasileiros e
por um protesto dos pernambucanos do Mundo Livre S/A.
Na antevéspera do referendo
sobre a comercialização de armas
no país, o engajado grupo fez defesa do "sim" ao tocar uma cover
da música "Guns of Brixton", dos
punks britânicos do Clash, no
show que abriu as apresentações
do palco principal.
Quando terminou, o vocalista
Fred 04 disse que a alusão às armas do título da canção não deveria ser mal-entendida. "Liberdade
é coisa que muda com o tempo",
afirmou o cantor, entre aplausos
empolgados do público, que estava apático até então. "Há cem
anos, os donos de escravos diziam: "Fodam-se os abolicionistas. Eu tenho o direito de ter meus
escravos". Direito é coisa que muda. A sociedade está mudando."
A banda, no entanto, foi vista
por um público reduzido. O palco
principal, que teve esgotados seus
4.000 ingressos, ficou lotado apenas a partir do segundo show, do
Kings of Leon, que fez uma performance tradicional de rock,
sem surpresas.
O público só começou a comparecer em peso a partir da meia-noite, um dos motivos que justificaram o atraso de uma hora no
início das apresentações do palco
Tim Lab, onde tocava a primeira
atração, o multiinstrumentista
brasileiro Maurício Takara.
Enquanto isso, no mesmo horário, o Tim Village, área de convivência, era tomada por quem saía
do palco de jazz e por aqueles que
chegavam para os shows da madrugada. Alguns pagaram R$ 10
apenas para ter acesso ao espaço e
assistir aos DJs Xerxes e Marky.
"Estou achando legal, mas nada
demais", disse a cenógrafa Cláudia Alencar, 45, que estava acompanhando a filha, Elisa Faulhaber,
22, no show dos Strokes, sobre a
estrutura do festival. "Lá fora, no
lounge [Village], faz um tremendo calor, e aqui [Tim Lab], esse
frio." O ar-condicionado, regulado em temperatura "polar", afugentava o público do espaço e foi
motivo de reclamações.
Surpresas
No palco principal o show do
Strokes fazia a platéia pular, cantando todos os seus hits (leia texto
ao lado). Entre os tradicionais fãs
roqueiros, de 20 e poucos anos,
misturava-se um público variado,
formado por gente de todas as
idades. O professor Miro Oliveira,
40, estava no show a pedido do filho, Breno Freire Oliveira, 12. "Ele
veio aqui para escrever um texto
para o jornalzinho da escola dele", disse Miro.
Se o palco principal correu conforme as expectativas, a noite teve
seus momentos inusitados, principalmente no palco Tim Lab, onde tocou o soulman eletrônico Jamie Lidell. O inglês controlava
uma mesa de som, além de diversas imagens projetadas no telão,
com a ajuda de um assistente
mascarado e surpreendeu o minguado público.
Em seguida, o show do cantor,
ex-modelo e diretor de cinema
Vincent Gallo não causou tanta
empolgação. O som baixo e o vocal embolado tornavam impossível entender o que ele cantava.
Gallo pediu diversas vezes para a
produção aumentar o volume do
microfone, mas não adiantou. Foi
uma apresentação melancólica,
mais propícia para uma estrutura
intimista, como a dos palcos de
jazz. O resultado foi que parte do
público impaciente assobiava,
outros pediam silêncio.
Celebridades como Caetano
Veloso, Luana Piovani e Daniella
Cicarelli circulavam pelo festival.
"Achei o [Jamie] Lidell meio monótono. "Brown Bunny" [dirigido
por Gallo] é o melhor filme que vi
nos últimos tempos. Gosto do clima dele, cantando assim meio desafinado", afirmou Caetano.
A etapa carioca do Tim Festival
termina hoje, com as apresentações de Elvis Costello, Television e
Morcheeba.
(ADRIANA FERREIRA SILVA, BRUNO YUTAKA SAITO, TEREZA NOVAES)
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