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Crítica/"Glória ao Cineasta"
Como diretor em crise, Kitano busca o cômico, mas faz filme aborrecido
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Takeshi Kitano é um cineasta em crise tentando desesperadamente
transformar esse momento em
matéria de criação. Ator em
quase todos os seus filmes -em
geral, na pele de personagens
violentos como o samurai cego
de "Zatoichi" (2003)-, em seus
dois longas mais recentes Kitano fez de sua própria persona o
personagem principal.
"Glória ao Cineasta" é a resposta às críticas que recebeu
por "Takeshi's" (2005). Seu filme anterior era uma brincadeira com o tipo mais popular do
ator-diretor, Beat Takeshi, seu
pseudônimo como astro cômico da TV japonesa a partir dos
anos 70. No Festival de Veneza,
"Takeshi's" foi considerado autocentrado e repetitivo.
"Glória ao Cineasta" mostra
um diretor disposto a experimentar. É o pretexto para vários esquetes em que Kitano se
reinventa de forma desastrada.
Tenta gêneros como um filme
de época que aspira ao Oscar,
um filme de terror de olho no
"remake" hollywoodiano, e,
ainda, um drama intimista à
moda de Yasujiro Ozu -provavelmente a maior antítese do
estilo de Kitano, e por isso o
episódio mais divertido.
Passados os esquetes, porém,
o filme segue um caminho absurdo, em tese cômico, mas em
geral só aborrecido, com duas
mulheres em busca de enriquecer. As "gags", aqui, remetem
aos programas de TV de Kitano, e, se as intenções do autor
-relativizar ou pôr em xeque
sua reputação como cineasta
que ganhou no Ocidente- são
interessantes, fica difícil, para
quem não conhece tais programas, embarcar na viagem.
Conclusão: "Glória ao Cineasta", de um Kitano em crise
consigo mesmo, não é assim
um "8".
GLÓRIA AO CINEASTA
Produção: Japão
Direção: Takeshi Kitano
Com: Takeshi Kitano, Tohru Emori
Quando: hoje, 19h, no Unibanco Arteplex 2; amanhã, 12h30, no Arteplex 3;
dia 30, 16h30, no Belas Artes
Avaliação: regular
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