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Rashid traz design cor-de-rosa a SP
Designer busca o visual "tecno-orgânico" em mostra de luminárias, cadeiras e embalagens no Instituto Tomie Ohtake
Exposição aberta hoje reúne, entre outros trabalhos, uma estátua de cera, um sofá de formas orgânicas e uma namoradeira -tudo rosa
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
É cor-de-rosa o mundo de
Karim Rashid. "Eu tenho um
laptop cor-de-rosa, um relógio
cor-de-rosa, tênis cor-de-rosa",
revela desinibido o designer
anglo-egípcio em entrevista à
Folha. "Sou uma verdadeira
aberração nos aeroportos."
E mais do que o que veste, o
que ele faz também segue a cartilha gritante do pink. Rashid,
que nasceu no Egito, cresceu
no Canadá e hoje trabalha em
Nova York, é o mais novo queridinho do mundo da moda, da
arquitetura e do design global.
Tanto que, há dois anos, vive
na ponte aérea com o Brasil,
onde já desenhou um salto alto
da grife Melissa, e agora mostra
mais de 60 de suas invenções
rosa choque -e o choque nem
sempre se restringe à cor- numa exposição do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
"Sempre achei que o rosa
tem uma energia estranha",
conta Rashid. "Há alguns anos
não havia sequer um produto
cor-de-rosa no mercado, mas
estamos aprendendo a lidar
com essa cor difícil."
E, se havia pouco rosa, agora,
pelo menos no mundo de Rashid, há excesso. A mostra aberta hoje tem logo na entrada,
além de uma estátua de cera do
designer tão espalhafatosa
quanto o entorno, um sofá de
formas orgânicas feito de fibra
de vidro, luminárias translúcidas e a namoradeira que fez por
encomenda do champanhe
Veuve Clicquot -tudo rosa.
Revival espacial
Mas não é que faltam cores.
Segundo Rashid, a indústria do
plástico avançou tanto que é
possível fazer o mesmo produto em mais de 3.000 tons, mas o
rosa, ele diz, permite "elevar os
sentidos". "Depois do minuto
em que Neil Armstrong pôs os
pés na Lua, concluímos que não
havia mais para onde ir, e o
mundo mergulhou nos tons da
própria natureza, verde, marrom, abacate", pondera Rashid.
Foi para romper com o marasmo da paleta-Terra que ele
adotou de vez o acrílico cintilante, mas não esqueceu de tudo os passos do primeiro homem na Lua: seus traços orgânicos são forte aceno à chamada space age, a era espacial.
"Aquele era um momento de
novas utopias, mas não faço um
revival, só acho que voltamos a
olhar para a tecnologia porque
ela está aqui", afirma. "Se eu tenho 160 gigabytes de música no
meu bolso, um computador
que me dá poderes criativos
brilhantes e o FaceBook que
me deixa tagarelar com o mundo, não posso voltar para casa e
me sentar num sofá que poderia ter sido feito em 1700."
E, tentando igualar o mundo
imaterial -mais "prazeroso,
sedutor e experimental"- ao
material, Rashid faz tudo na
linguagem fluida de esferas e
balões que inventou no computador, transferindo o resultado
da tela para a realidade. É isso
que tenta mostrar a segunda
sala da mostra, que tem painéis
estampados com seus projetos
arquitetônicos: um hotel em
Dubai, uma loja de departamentos em Moscou, uma estação do metrô de Nápoles.
É o que ele chama de visual
"tecno-orgânico", que prioriza
a tecnologia. Seu relógio para a
marca italiana Alessi, ele diz,
consegue medir o tempo melhor que um Rolex e os fios de
arame do salto Melissa são condutores de informação, seu
DNA plástico fantástico.
KARIM RASHID
Quando: abertura hoje, às 20h; de
ter. a dom., das 11h às 20h; até 4/1
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av.
Brig. Faria Lima, 201, tel. 0/ xx/
11/2245-1900; livre)
Quanto: entrada franca
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