São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Rashid traz design cor-de-rosa a SP

Designer busca o visual "tecno-orgânico" em mostra de luminárias, cadeiras e embalagens no Instituto Tomie Ohtake

Exposição aberta hoje reúne, entre outros trabalhos, uma estátua de cera, um sofá de formas orgânicas e uma namoradeira -tudo rosa


SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

É cor-de-rosa o mundo de Karim Rashid. "Eu tenho um laptop cor-de-rosa, um relógio cor-de-rosa, tênis cor-de-rosa", revela desinibido o designer anglo-egípcio em entrevista à Folha. "Sou uma verdadeira aberração nos aeroportos."
E mais do que o que veste, o que ele faz também segue a cartilha gritante do pink. Rashid, que nasceu no Egito, cresceu no Canadá e hoje trabalha em Nova York, é o mais novo queridinho do mundo da moda, da arquitetura e do design global.
Tanto que, há dois anos, vive na ponte aérea com o Brasil, onde já desenhou um salto alto da grife Melissa, e agora mostra mais de 60 de suas invenções rosa choque -e o choque nem sempre se restringe à cor- numa exposição do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
"Sempre achei que o rosa tem uma energia estranha", conta Rashid. "Há alguns anos não havia sequer um produto cor-de-rosa no mercado, mas estamos aprendendo a lidar com essa cor difícil."
E, se havia pouco rosa, agora, pelo menos no mundo de Rashid, há excesso. A mostra aberta hoje tem logo na entrada, além de uma estátua de cera do designer tão espalhafatosa quanto o entorno, um sofá de formas orgânicas feito de fibra de vidro, luminárias translúcidas e a namoradeira que fez por encomenda do champanhe Veuve Clicquot -tudo rosa.

Revival espacial
Mas não é que faltam cores. Segundo Rashid, a indústria do plástico avançou tanto que é possível fazer o mesmo produto em mais de 3.000 tons, mas o rosa, ele diz, permite "elevar os sentidos". "Depois do minuto em que Neil Armstrong pôs os pés na Lua, concluímos que não havia mais para onde ir, e o mundo mergulhou nos tons da própria natureza, verde, marrom, abacate", pondera Rashid.
Foi para romper com o marasmo da paleta-Terra que ele adotou de vez o acrílico cintilante, mas não esqueceu de tudo os passos do primeiro homem na Lua: seus traços orgânicos são forte aceno à chamada space age, a era espacial.
"Aquele era um momento de novas utopias, mas não faço um revival, só acho que voltamos a olhar para a tecnologia porque ela está aqui", afirma. "Se eu tenho 160 gigabytes de música no meu bolso, um computador que me dá poderes criativos brilhantes e o FaceBook que me deixa tagarelar com o mundo, não posso voltar para casa e me sentar num sofá que poderia ter sido feito em 1700." E, tentando igualar o mundo imaterial -mais "prazeroso, sedutor e experimental"- ao material, Rashid faz tudo na linguagem fluida de esferas e balões que inventou no computador, transferindo o resultado da tela para a realidade. É isso que tenta mostrar a segunda sala da mostra, que tem painéis estampados com seus projetos arquitetônicos: um hotel em Dubai, uma loja de departamentos em Moscou, uma estação do metrô de Nápoles. É o que ele chama de visual "tecno-orgânico", que prioriza a tecnologia. Seu relógio para a marca italiana Alessi, ele diz, consegue medir o tempo melhor que um Rolex e os fios de arame do salto Melissa são condutores de informação, seu DNA plástico fantástico.

KARIM RASHID
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a dom., das 11h às 20h; até 4/1
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Brig. Faria Lima, 201, tel. 0/ xx/ 11/2245-1900; livre)
Quanto: entrada franca



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