SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

S ob a influência de Abbas Kiarostami, que a dirigiu em "Dez" (2002), a atriz iraniana Mania Akbari já havia realizado e estrelado o longa de ficção "20 Dedos" (2004), também em episódios, sobre o relacionamento de um casal. Mais tarde, soube que tinha câncer e foi encorajada por Kiarostami a transformar em filme sua luta contra a doença.
"10+4", resultado de abordagem franca e perturbadora, radicaliza a experiência de "Dez", feito em planos-seqüência dentro de um automóvel que circula por Teerã, com Akbari ao volante. Aqui, ela reassume o posto nas primeiras cenas, com uma câmera digital instalada na altura do espelho retrovisor. Ao seu lado, no banco do passageiro, seus filhos conversam com a mãe, inclusive sobre o câncer. Em outras cenas, a própria Akbari vai para o banco traseiro. E, à medida que intensifica o tratamento, o filme a acompanha também no hospital e em uma dolorosa conversa com uma amiga em um teleférico, entre outros lugares.
Tamanha exposição gera incômodo, mas produz um documentário de força semelhante -embora com modo de realização distinto- ao testamento deixado pelo holandês Johan van der Keuken (1938-2001) em "Férias Prolongadas" (2000), que rodou sabendo não ter forças para resistir a um câncer de próstata.

10+4
Quando: hoje, às 20h30, no Espaço Unibanco 3; dia 26, às 14h, na Cinemateca (Sala BNDES); dia 27, às 14h50, no Reserva Cultural 1; dia 28, às 21h30, no Cine Bombril 2
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: bom

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