São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Sexy à milanesa

Donatella Versace vem ao Brasil e diz que moda italiana não tem nada a ver com os escândalos de Berlusconi

Musa do sexy-fashion de luxo, a estilista Donatella Versace levanta a bandeira em defesa da sensualidade da moda italiana.
Na última semana de desfiles em Milão, em setembro, jornais ingleses publicaram críticas duras, dizendo que algumas coleções estavam impregnadas pela vulgaridade que cerca o primeiro-ministro Silvio Berlusconi e as prostitutas que ele supostamente contratou.
"A moda da Itália é sensual há décadas, e a Versace sempre foi a mais sexy entre as grifes. Isso não tem nada a ver com o que Berlusconi faz ou deixa de fazer", disse a loira à Folha.
Donatella chega hoje no Rio. Amanhã, mostrará algumas das criações de sua grife, a Versace, durante o Oi Fashion Rocks. A estilista assumiu o comando da Versace em 1997, depois que seu irmão Gianni Versace foi assassinado por um gigolô.
Donatella sobreviveu a diversas crises internas e, mesmo com a quebradeira global da economia, tem mantido a Versace no topo da crista da moda. Apesar das críticas negativas a algumas grifes de Milão, a última coleção da Versace foi eleita uma das dez melhores da temporada primavera/verão 2010 pelo Style.com, braço online da "Vogue" americana.
E Donatella não está nem aí para a torcida contra. "Criamos peças glamourosas, não para "vadias", mas para mulheres bonitas que gostam de looks sensuais. Mulheres querem ser desejadas e as que dizem o contrário estão mentindo", diz.

 

FOLHA - Editoras de moda britânicas descreveram algumas das criações de Milão como sendo feitas para "vadias", com roupas vulgares, que cairiam bem nas prostitutas supostamente contratadas pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. O que acha dessas declarações que causaram tanta polêmica na Itália?
DONATELLA VERSACE
- Isso é uma grande generalização e mostra como os jornalistas gostam de relacionar as notícias de moda ao que está acontecendo no mundo. A moda feita na Itália é sensual há décadas, e a Versace sempre foi a mais sexy entre as grifes. Isso não tem nada a ver com o que Berlusconi faz ou deixa de fazer. Criamos peças glamourosas, não para "vadias", mas para mulheres bonitas que gostam de looks sensuais. Mulheres querem ser desejadas e as que dizem o contrário estão mentindo. Tudo sem perder a classe. Há muitas mulheres inteligentes e poderosas por aí. Aliás, deveríamos ter mais mulheres na política, como Hillary Clinton e Michelle Obama.

FOLHA - Parece haver confusão entre as definições de sexy e vulgar. Qual é a diferença entre os dois?
DONATELLA
- Obviamente, roupas podem ser sexies ou vulgares, assim como as pessoas. Sexy é ser confiante, é estar em contato com a sua sensualidade. Vulgar é um tipo de imagem estúpida e artificial. O espírito sexy da Versace é crucialmente ligado ao glamour, e não há glamour na vulgaridade.

FOLHA - Você acha que a moda italiana é sexy por natureza?
DONATELLA
- A Itália tem uma cultura sensual: o vinho, a arte, as mulheres bonitas, o gosto pela moda e pela beleza da vida. Há muitas semelhanças entre as culturas brasileira e italiana. As duas se relacionam com os prazeres da vida, algo que chamamos de "la dolce vita". E são duas culturas muito ligadas ao corpo. Esse tipo de cultura, em termos de moda, se traduz em roupas sensuais, é óbvio.

FOLHA - Quais são os novos mercados emergentes para os negócios de grifes como a Versace?
DONATELLA
- As grifes europeias procuram mercados que ainda não têm tradição, como Rússia, China, Índia e os países da América do Sul, especialmente o Brasil, que, além de ter um mix cultural fantástico, é muito promissor para os negócios.

FOLHA - Como as grifes de luxo podem sobreviver à crise econômica?
DONATELLA
- É preciso justificar esse rótulo de "grife de luxo", fazer valer o dinheiro e a imagem envolvidos nesse conceito. Se as roupas são bonitas, únicas, têm alta qualidade e design inovador, há uma razão para comprá-las. Se não for assim, não haverá consumidores.

com VIVIAN WHITEMAN



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