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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Sexy à milanesa
Donatella Versace vem ao Brasil e
diz que moda italiana não tem nada a
ver com os escândalos de Berlusconi
Musa do sexy-fashion de luxo, a estilista Donatella Versace
levanta a bandeira em defesa da
sensualidade da moda italiana.
Na última semana de desfiles
em Milão, em setembro, jornais ingleses publicaram críticas duras, dizendo que algumas
coleções estavam impregnadas
pela vulgaridade que cerca o
primeiro-ministro Silvio Berlusconi e as prostitutas que ele
supostamente contratou.
"A moda da Itália é sensual
há décadas, e a Versace sempre
foi a mais sexy entre as grifes.
Isso não tem nada a ver com o
que Berlusconi faz ou deixa de
fazer", disse a loira à Folha.
Donatella chega hoje no Rio.
Amanhã, mostrará algumas
das criações de sua grife, a Versace, durante o Oi Fashion
Rocks.
A estilista assumiu o comando da Versace em 1997, depois
que seu irmão Gianni Versace
foi assassinado por um gigolô.
Donatella sobreviveu a diversas crises internas e, mesmo
com a quebradeira global da
economia, tem mantido a Versace no topo da crista da moda.
Apesar das críticas negativas
a algumas grifes de Milão, a última coleção da Versace foi
eleita uma das dez melhores da
temporada primavera/verão
2010 pelo Style.com, braço
online da "Vogue" americana.
E Donatella não está nem aí
para a torcida contra. "Criamos
peças glamourosas, não para
"vadias", mas para mulheres bonitas que gostam de looks sensuais. Mulheres querem ser desejadas e as que dizem o contrário estão mentindo", diz.
FOLHA - Editoras de moda britânicas descreveram algumas das criações de Milão como sendo feitas para "vadias", com roupas vulgares,
que cairiam bem nas prostitutas supostamente contratadas pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. O
que acha dessas declarações que
causaram tanta polêmica na Itália?
DONATELLA VERSACE - Isso é uma
grande generalização e mostra
como os jornalistas gostam de
relacionar as notícias de moda
ao que está acontecendo no
mundo. A moda feita na Itália é
sensual há décadas, e a Versace
sempre foi a mais sexy entre as
grifes. Isso não tem nada a ver
com o que Berlusconi faz ou
deixa de fazer. Criamos peças
glamourosas, não para "vadias", mas para mulheres bonitas que gostam de looks sensuais. Mulheres querem ser desejadas e as que dizem o contrário estão mentindo. Tudo sem
perder a classe. Há muitas mulheres inteligentes e poderosas
por aí. Aliás, deveríamos ter
mais mulheres na política, como Hillary Clinton e Michelle
Obama.
FOLHA - Parece haver confusão entre as definições de sexy e vulgar.
Qual é a diferença entre os dois?
DONATELLA - Obviamente, roupas podem ser sexies ou vulgares, assim como as pessoas.
Sexy é ser confiante, é estar em
contato com a sua sensualidade. Vulgar é um tipo de imagem
estúpida e artificial. O espírito
sexy da Versace é crucialmente
ligado ao glamour, e não há glamour na vulgaridade.
FOLHA - Você acha que a moda italiana é sexy por natureza?
DONATELLA - A Itália tem uma
cultura sensual: o vinho, a arte,
as mulheres bonitas, o gosto
pela moda e pela beleza da vida.
Há muitas semelhanças entre
as culturas brasileira e italiana.
As duas se relacionam com os
prazeres da vida, algo que chamamos de "la dolce vita". E são
duas culturas muito ligadas ao
corpo. Esse tipo de cultura, em
termos de moda, se traduz em
roupas sensuais, é óbvio.
FOLHA - Quais são os novos mercados emergentes para os negócios de
grifes como a Versace?
DONATELLA - As grifes europeias
procuram mercados que ainda
não têm tradição, como Rússia,
China, Índia e os países da
América do Sul, especialmente
o Brasil, que, além de ter um
mix cultural fantástico, é muito
promissor para os negócios.
FOLHA - Como as grifes de luxo podem sobreviver à crise econômica?
DONATELLA - É preciso justificar
esse rótulo de "grife de luxo",
fazer valer o dinheiro e a imagem envolvidos nesse conceito.
Se as roupas são bonitas, únicas, têm alta qualidade e design
inovador, há uma razão para
comprá-las. Se não for assim,
não haverá consumidores.
com VIVIAN WHITEMAN
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