Documentário também aborda relações do soviético com Roosevelt e Churchill

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

"A História Secreta da 2ª Guerra Mundial" é um daqueles títulos exagerados, já que hoje não existe praticamente nada de importante que não se conheça sobre o maior conflito da história humana. "Behind Closed Doors", literalmente "atrás de portas fechadas", o título deste documentário da britânica BBC em três DVDs, faz mais sentido.
O documentário mostra as maquinações daquele que foi um dos maiores crápulas da história do planeta, um assassino em série de milhões. Ou, conforme escreveu o arquiteto, o "grande líder soviético", cuja figura é "tão deturpada e injustamente combatida pelo mundo capitalista".
Como é praxe em documentários modernos, este é pródigo em "reconstrução" de cenas, com diálogos recriados tentando ser o mais próximo possível da realidade. O ator que faz o papel de Stálin fala russo, os que recriam diplomatas alemães falam sua língua. A primeira maquinação mostrada do "grande líder" foi assinar um pacto de não agressão com a Alemanha nazista.
Foi algo que a esquerda do mundo todo teve dificuldade de engolir, mas, em geral, aceitou. De repente, aquele que era a "escória" do mundo, o ditador nazista Adolf Hitler, tornou-se um fiel aliado.
O mundo lembrou, em 1º de setembro passado, o 70º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial, data da invasão alemã da Polônia. Poucos se lembram, porém, que a Polônia também foi atacada, dias depois, pelas tropas de Stálin e dividida entre União Soviética e Alemanha.
O documentário relembra esse terrível momento da história polonesa mostrando como foi a "integração" do leste do país à URSS: torturas, perseguições políticas, deportações e massacres. Até hoje, a Polônia se ressente do massacre de oficiais do seu exército perpetrado pelos soviéticos em Katyn.
A queda do comunismo na década de 1990 tornou possível descobrir novos detalhes da história da guerra do lado soviético. Repetindo, nada de espetacular que force grandes reinterpretações, mas o suficiente para tornar o documentário altamente revelador sobre as relações de Stálin com os nazistas e com os líderes aliados, notadamente o presidente americano Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Stálin era, de fato, uma figurinha asquerosa.