São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

34ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

Lágrimas dão o tom de ficção científica

"Não Me Abandone Jamais", baseado em livro de Kazuo Ishiguro, narra triângulo amoroso em contexto soturno

Ator relatou incômodo após ter lido roteiro; já atrizes protagonistas dizem até terem se divertido com filme

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Se você quer se divertir, fuja de "Não Me Abandone Jamais", que passa hoje na Mostra. São 103 minutos de choro, introspeção e sofrimento. Se você quer pensar sobre o sentido da vida, o papel que cada um tem na sociedade e sobre a morte, pode ser um bom programa.
O filme, baseado no romance homônimo de Kazuo Ishiguro, acompanha a vida de três britânicos desde que são crianças num colégio interno no interior do país. Lá, a disciplina é rígida.
Eles têm que comer bem e se exercitar muito para manter o corpo saudável.
São crianças tristes, parecem normais, até que um dia uma professora lhes conta a verdade. Estão sendo criadas apenas para doarem seus órgãos aos que ficam doentes.
Na ficção de Ishiguro, esta foi a saída encontrada pela medicina para aumentar a longevidade: trocar órgãos que não funcionam.
A revelação não altera muito a vida dos três, interpretados quando adultos por Carey Mulligan, Keira Knightley e Andrew Garfield.
São muito amigos, vivem sempre juntos até que Ruth (Keira) e Tommy (Andrew) começam um romance, o que faz Kathy (Carey) se sentir traída e com ciúmes.
O filme não se aprofunda nas questões éticas nem explica a criação dos doadores. Para o diretor, Mark Romanek, o foco está na história de amor. "Apesar dos componentes de ficção científica, é um triângulo amoroso entre pessoas que conhecem seu destino e o aceitam", disse.
Romanek é um diretor competente, mas abusa de clichês para ampliar o drama: fecha a câmera numa bolinha de críquete esquecida no gramado ou em sacos plásticos presos a cercas.
Mas o texto de Ishiguro, preservado na adaptação, garante uma certa qualidade a esse filme, que, mais do que qualquer outro, depende do estado de espírito de quem estiver assistindo.
O estado de espírito também determinou o efeito que as filmagens tiveram no trio de protagonistas. Andrew diz que ficou deprimido. "Quando li o roteiro pela primeira vez, senti um incômodo. Depois, passei a pensar muito na morte", afirmou o ator, que tem 27 anos.

DIVERSÃO
Com as mulheres foi diferente. "Fazia as cenas e depois saía com os meus amigos", disse Carey, 25. Keira, que também tem 25 anos, diz que acha até engraçado fazer filmes tristes. "Duro é comédia. Se não dá certo na primeira tomada, fica ainda mais difícil", afirmou.
Keira, que é uma mulher muito bonita, aparece feia no filme. Mas até isso ela achou engraçado.
"Era divertido quando decidiam que roupa eu iria usar. Eles falavam: essa ou aquela, que cor ficará pior?"

NÃO ME ABANDONE JAMAIS

DIREÇÃO Mark Romanek
QUANDO hoje, às 0h, no Unibanco Arteplex; amanhã, às 18h10, no Espaço Unibanco; dia 27, às 13h30, no Cinesesc; dia 28, às 21h, no Cinemark Shopping Eldorado; e dia 30, às 18h, no Belas Artes
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


Texto Anterior: "Bach é o início e o fim de toda a música", diz regente
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.