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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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FILMES DE HOJE

TV PAGA

"Planeta" revela mundo sombrio de Tim Burton

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quando não se quer gostar de um filme, vale qualquer argumento. No caso de "O Planeta dos Macacos", versão 2001, de Tim Burton, é fácil encontrar algum argumento: por exemplo, Mark Wahlberg não chega aos pés de Charlton Heston; a comparação com o filme original, de Frank Schaffner (1968), seria devastadora. Etc.
Resta que esse filme de Tim Burton foi varrido pela mídia brasileira, como se não valesse nada. Consideremos que essa mesma mídia leva a sério "Matrix Reloaded", que tem em alta conta os filmes de Phillip Noyce, que acolhe "Beleza Americana" como uma espécie de revelação divina, vemos que estamos bem servidos no ramo.
Ora, sabe-se que Tim Burton não é qualquer um. Mas, nesse caso, volta a funcionar a velha teoria da maionese, de François Truffaut. Para ele, os críticos viam os filmes como maioneses, que ficam no ponto ou desandam. Não reconhecem um pensamento aos filmes: eles são aplicação de uma técnica e ponto.
Ora, mesmo que a versão de Franklin Schaffner seja superior, é preciso admitir que Burton descreve um mundo mais crispado e sombrio -mais correspondente, talvez, à América e à Terra atuais.
Isso torna seu filme de imediato um tanto desagradável, mas isso é o que o distingue entre os cineastas de sua geração: faz filmes de orçamento gigante sem bajular o público.
Por fim, nessa versão da história do astronauta que encontra um planeta dominado por macacos, onde os homens são seres inferiores, Burton introduz a hipótese de um amor inter-racial. Evidentemente, a mídia americana prefere cada macaco no seu galho (a despeito de toda a correção política) -e se pegou nisso para queimar o filme. Nós, mestiços, os macaqueamos.


O PLANETA DOS MACACOS.
Quando: hoje, às 22h, na Fox.


TV ABERTA

"Ama-me" traz à tona ambiciosa Doris Day

Esqueceram de Mim 3
Globo, 13h05.

(Home Alone 3). EUA, 97, 102 min. Direção: Raja Gosnell. Com Alex Linz, Olek Krupa, Rya Kihilstedt. Além de perder Macaulin Culkin (que cresceu e desapareceu), a série incorre num problema de repetição: ainda uma vez, um menino tem de ser deixado em casa (aqui por estar doente); ainda uma vez, bandidos vão tentar invadi-la. O fato de dessa vez os bandidos serem terroristas não chega a mudar substancialmente o "plot".

Osso, Amor e Papagaios
Cultura, 15h30.

Brasil, 56, 102 min. Direção: Carlos Alberto de Souza Barros, César Mêmolo Jr. Com Fábio Cardoso, Jaime Costa, Wilson Grey, Renato Consorte. No auge da ressaca da Vera Cruz -que falira pouco antes-, esse filme representou uma esperança, ao analisar a vida política em uma cidadezinha do interior e, sobretudo, seus tipos. Mas o diretor Souza Barros sumiu um tanto quanto do mapa, enquanto Mêmolo passou a cuidar de filmes publicitários.

Confusão em Dose Dupla
Record, 18h45.

(Cops & Robbersons). EUA, 94, 92 min. Direção: Michael Ritchie. Com Chevy Chase, Jack Palance, Dianne Wiest. Policial (Palance) arma campana, a fim de prender criminoso. Só que se instala ao lado da família Robberson, que está lá para transformar sua ação em comédia.

Assalto sobre Trilhos
Bandeirantes, 20h30.

(Money Train). EUA, 95, 109 min. Direção: Joseph Ruben. Com Wesley Snipes, Woody Harrelson, Jennifer Lopez. Irmãos de criação (Snipes e Harrelson) trabalham como seguranças do metrô de Nova York e sonham roubar o trem que recolhe, diariamente, a féria do dia. Entrementes, ambos se apaixonam pela bela do metrô (Lopez), o que estremece seu relacionamento (e seus planos). A mesma dupla de "Homens Brancos Não Sabem Enterrar": ao menos deles e de Jennifer pode-se esperar satisfação.

Alta Frequência
SBT, 22h.

(Frequency). EUA, 2000, 117 min. Direção: Gregory Hobbit. Com Dennis Quaid, James Caviezel. Pelas ondas do rádio, pai adverte o filho, policial, de uns tantos perigos que o espreitam. O primeiro problema é que o pai já está morto. O segundo é que, ao seguir os conselhos da voz, o policial transtorna a ordem natural das coisas.

Ama-me ou Esquece-me
Bandeirantes,0h.

(Love me or Leave me). EUA, 55, 122 min. Direção: Charles Vidor. Com Doris Day, James Cagney, Cameron Mitchell. Cagney é o mafioso que põe por diante a carreira de Ruth Etting (Day), cantora de blues dos anos 1920-30, e obtém, em troca, o direito de se casar com ela. Mas não o de infernizá-la, pensará Ruth a horas tantas, tal o autoritarismo do marido. Musical da Metro produzido por Joe Pasternak, bem mais ambicioso do que a média da carreira da atriz. (IA)

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