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MÚSICA
Banda que substitui o Suicidal Tendencies ensaia só uma vez para se apresentar em SP e no Rio
Fantômas não espera agradar aos brasileiros
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A notícia surpreendeu muita
gente. Até o líder da banda...
Na semana passada, o grupo
norte-americano de hardcore
Suicidal Tendencies teve que cancelar sua participação no festival
Claro que É Rock porque seu vocalista, Mike Muir, fará uma cirurgia para combater uma hérnia
de disco. Como o evento se aproxima (próximos dias 26 e 27, em
São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente), os organizadores
correram para encontrar um
substituto. Aí apareceu o Fantômas de Mike Patton.
"[O convite] Foi inesperado.
Nem temos tocado muito ultimamente. Vamos ensaiar uma única
vez, e será bem rápido, já que estamos preocupados em conseguir
nossos vistos", disse à Folha o líder da banda, hoje com 37 anos e
que no início dos anos 90 virou
popstar no Brasil após shows com
o extinto Faith No More.
O público ficou dividido. Os fãs
do Suicidal, claro, reclamaram.
Quem gosta de Patton, ou de
Faith No More, ou de Fantômas,
aplaudiu. "Achei uma pena [o
cancelamento]. Mas é engraçado
também, porque esses roqueiros
velhos estão sofrendo problemas,
como ter que passar por cirurgia
de hérnia de disco", brincou o estudante Celso Pin Júnior, 27.
"Era a banda que mais me interessava [no evento]", afirmou
Erick Roberto Stera, 18. Resignado, não vai deixar de ir. "O dinheiro já foi gasto, a namorada vai..."
Já Matheus Araújo, 18, achou "legal" a substituição de bandas.
"Gosto de Suicidal Tendencies,
mas, como o último show deles
no Brasil não foi tão bom, gostei
da troca pelo Fantômas."
A troca de artistas dá um caráter
mais experimental a esta primeira
edição do Claro que É Rock.
Criado em 1998 por Patton,
Buzz Osbourne (guitarra), Trevor
Dunn (baixo) e Dave Lombardo
(baterista que fez fama tocando
no Slayer), o Fantômas é um dos
projetos mais esquisitos do rock
atual -se é que dá para chamar o
que fazem de "rock".
O primeiro disco, homônimo
(1999), foi realizado todo ele com
Patton tendo a ficção científica
como ponto de partida; o segundo, "The Director's Cut", é formado por interpretações de trilhas de
filmes como "O Bebê de Rosemary"; o terceiro, "Delirium Cordia", é composto de apenas uma
canção de 74 minutos de duração;
e o quarto, "Suspended Animation", é inspirado em histórias em
quadrinhos.
A música vai de experimentações jazzísticas a death metal.
"Sei que vamos deixar um monte de gente chateada", diz Patton,
bem-humorado, sobre como serão os shows no Brasil. "É música
difícil, que pede que o público
realmente preste atenção, e, às vezes, em festivais, nós não somos
uma banda que agrada a todos."
Para o Brasil, Lombardo não virá; em seu lugar, chamaram Terry
Bozzio, que já tocou com Frank
Zappa e Jaff Beck. "Nos shows, o
baterista fica à frente do palco,
olhando para mim. É como se fosse uma batalha. A música é fragmentada e se modifica rapidamente. É como assistir a um cartoon numa velocidade acelerada.
O objetivo é fazer com que o ouvinte participe, que saia do show
intrigado, nem que seja pensando: "Mas que diabos foi aquilo?"."
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