Como prometi aos leitores, continuamos hoje com alguns livros do último semestre

"Azeite - História, Produtores, Receitas" (Luciano Percussi; ed. Senac)
Uma rápida história da oliveira através dos tempos, sua simbologia e mitologia. Sucinta e objetivamente fala das oliveiras, como plantá-las, adubá-las, podá-las, colhê-las, a extração do azeite, os modos de denominar o azeite, os produtores da União Européia, produtores da bacia mediterrânea e, por fim, o azeite no Brasil.
É o primeiro livro sobre o assunto escrito no Brasil e tem uma boa bibliografia. Vale a pena tê-lo como livro fundador de pesquisa. Até onde contei é um bom livro técnico, bem-feito, próprio para consultas.
Depois, nos surpreende com o azeite como medicina e ainda nos dá de presente 40 receitas da chef Silvia Percussi, a filha do autor que comanda com o irmão o restaurante Vinheria Percussi.

"Champagne" (Don & Petie Kladstruppe; ed. Jorge Zahar)
A história do champanhe com informações e todo o resto, mas com aquele a mais tão sedutor que se chama escrever bem. É fácil aprender se divertindo. Tim, tim! Vale a pena.

"Gastromomia, Restaurantes e Comportamento do Consumidor" (Donald Sloan; ed. Manole)
Custei a ler este livro por causa do título, que sugeria estatísticas americanas. E não é nada disto. Uma antologia de autores especializados, a maioria em hospitalidade, que reuniram em livro um naco da sociologia das preferências alimentares, tanto que o título em inglês é "Culinary Taste". Resumiram para nós os calhamaços do Bourdieu e nos deram uma boa análise da formação do paladar e de como se comporta o cliente que vai ao restaurante. O que ele come e por quê. A importância do contexto cultural e sua complexidade. Um ótimo livro.

"Viena: Comida de Casa Fora de Casa"
(Ignácio de Loyolla Brandão; ed. DBA) A história do restaurante Viena escrita por Ignácio de Loyolla Brandão, que é completamente fiel à história contada pelos donos fundadores do Viena, Liana e Roberto Bielawski. E Loyolla ainda tem suas próprias lembranças. Quem não tem? A nossa memória vai se iluminando com nomes e lugares que havíamos quase esquecido. E temos as receitas, o salpicão de frango, o estrogonofe de carne, o pernil com molho acebolado, doce de abóbora -e o Viena kosher: varenikes, falafel, bolo de papoula. E tã, tã, tã, tã... a coxa creme! Coxinha desfiada! Valeu.

"Aroma Árabe - Receitas e Relatos" (Salah Jamal, ed. Senac)
O que procuramos sempre é um bom livro, seja de cozinha ou um romance. E a cozinha é como qualquer outro assunto, precisa ter um tanto de criatividade, de graça, para ser lido com prazer. Este pode ser o seu livro de iniciação à culinária árabe. O autor, Salal Jamal, queria comer comida da sua terra quando morava em Barcelona. E começou a compilar as receitas baseadas em relatos orais de mulheres do Oriente Médio. No meio das receitas, anedotas espontâneas e esclarecedoras. Um livro sem fingimentos, bom de ler.

"Crustáceos" (Danusia Bárbara; ed. Senac Rio)
Adoro o texto de Danusia Bárbara, sempre adorei. É uma das mais interessantes escritoras de comida do país. Neste livro, fala de caranguejos, siris moles, percebes, lagostas, camarões, cavaquinhas e tatuís (Que saudade dos tatuís). Receitas, 30 ou 31, e fotos de Sérgio Pagano. Em inglês e português. Faltaram livros. Ficam para o mês que vem.