São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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THIAGO NEY

Procura-se um artista


Pouco se sabe sobre Burial, jovem produtor que lançou "Untrue", um dos discos mais originais do ano

UM CENÁRIO de desolação, incerteza, sombrio e quase apocalíptico é desenhado pelas músicas de "Untrue". Mas o clima esperançoso, e não desalentador, faz deste um dos discos mais originais dos últimos tempos.
"Untrue" é o segundo disco de um artista conhecido como Burial. Se o álbum não fosse tão arrebatador, seria facilmente engolido pela história (ou melhor, pela não-história) de seu criador.
A identidade de Burial não é conhecida. Sabe-se que ele é homem, britânico, e que está nos seus 20 e poucos anos. Ele raramente dá entrevistas, não se deixa fotografar e não faz apresentações ao vivo. Após insistência, topou conversar com um repórter do jornal "Guardian". Contou que, tirando sua família, apenas cinco pessoas sabem que ele é músico.

 

Lançou seu primeiro disco pelo selo britânico Hyperdub, especializado em dubstep, um dos mais efervescentes e originais gêneros da eletrônica atual. "Untrue" é seu segundo rebento. Chamá-lo de "dubstep" ou de "eletrônica" seria cometer um grave reducionismo. Suas faixas são calcadas em batidas sincopadas, quebradas, que fogem à métrica tradicional. E, então, Burial vai adicionando elementos que remetem desde à soul music ao jazz e ao hip hop.
É música eletrônica, mas com uma textura orgânica, que procura recriar uma atmosfera de tempos passados com ruídos e barulhos cuidadosamente colocados entre suas batidas. Não ficaria fora de lugar como trilha sonora de um filme noir dos anos 40.
 

Com esses ingredientes, Burial deve agradar aos fãs de trip hop. Remete particularmente aos momentos mais soturnos do Portishead. Não é música para as pistas -ao contrário, parece ser feita para os momentos pós-clube, pós-festa, como uma antítese ao hedonismo da dance music.
"É mais sobre quando você está voltando de algum lugar, num táxi ou num ônibus, ou andando pelas ruas de Londres tarde da noite, como num sonho, e você ainda sente a música ecoando dentro de você, mas com a vida real lutando para tomar o controle", ele conta na entrevista ao "Guardian".
 

"Untrue" chegou ao mercado europeu no início deste mês. Dificilmente ganhará versão nacional, mas pode ser ouvido em blogs de MP3 espalhados pela net. Um bom começo para entrar no mundo de Burial é seu MySpace: www.myspace.com/burialuk.
 

Um dos principais representantes do novo electro-rock francês, o DJ Mehdi, artista do selo Ed Banger, tocará em São Paulo. O DJ é uma das atrações da festa de dois anos do clube Vegas, que acontece entre 11 e 15 de dezembro. Mehdi se apresenta no dia 14/12.

thiago@folhasp.com.br


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