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Música - Crítica/"American Gangster"
Jay-Z leva rap de volta às ruas em seu 1º disco conceitual
MC reconquista a crítica dos EUA com as composições de "American Gangster", inspirado em filme de Ridley Scott
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
Quem é rei nunca perde
a majestade. Mas pode
levar anos para reconquistar o respeito. Esse parecia
ser o destino do MC Jay-Z -rimador "número um" dos Estados Unidos; 33 milhões de discos vendidos em uma década-, que, após um retiro de três
anos, voltou em 2006 com
"Kingdom Come", álbum no
qual se afastava das ruas para
rimar sobre a doce vida como
presidente do selo Def Jam,
subdivisão da Universal.
A mudança não caiu bem à
crítica e muito menos a seus
fãs, que compraram o CD -cerca de 1,5 milhões de cópias-,
mas não engoliram as histórias
sobre tardes na piscina e as crises existenciais do milionário
namorado de Beyoncé.
Mas, numa jogada (de marketing) genial, menos de um
ano após o fiasco, Jay-Z reconquistou os elogios e o respeito
com "American Gangster", seu
recém-lançado décimo álbum,
que deve chegar às lojas brasileiras na próxima semana.
O CD, disse ele em entrevista
à revista norte-americana "Rolling Stone", é seu primeiro trabalho "conceitual". A inspiração bateu após assistir a "American Gangster", novo filme do
diretor Ridley Scott (dos blockbusters "Gladiador" e "Falcão
Negro em Perigo").
O longa narra a história de
Frank Lucas (Denzel Washington), traficante negro que
atuou no Harlem, em Nova
York, no final da década de 60.
Foi Lucas quem disseminou
nas ruas pacotinhos de "blue
magic", heroína "importada"
por soldados americanos diretamente da fonte, o Vietnã.
A fita, que deve estrear no
Brasil em janeiro de 2008
-mas já circula em cópias piratas-, traz três rappers no elenco (T.I., Common e RZA), mas a
trilha sonora é baseada tão somente em hits dos anos 1970.
Os produtores do filme, segundo o jornal "The New York
Times", sugeriram o nome de
Jay-Z para as músicas, mas Ridley Scott recusou.
Jay-Z deve ter pensado "dane-se, vou criar meu próprio
gângster". Com a propriedade
de quem vendeu crack nos subúrbios nova-iorquinos quando ainda era conhecido por seu
nome de batismo, Shawn Carter, ele fez uma letra para cada
fase de Frank Lucas, da dúvida
entre começar a "correria" nas
ruas à glória como traficante e à
posterior queda.
Convidados
As faixas, permeadas por falas de Denzel Washington e
samples de Marvin Gaye, Curtis Mayfield e Al Green, têm
participações de Beyoncé,
Pharrell Williams, Lil" Wayne e
do ex-desafeto Nas. Na produção, estão The Neptunes, Just
Blaze, P.Diddy e The Hitmen.
A faixa de abertura, "Pray",
resume o espírito do disco. Segundo Jay-Z, ela fala do garoto
que "testemunha a corrupção
policial, as pessoas indo para a
cadeia, agulhas de viciados jogadas no chão e diz a si mesmo
"reze por mim, porque estou
entrando nessa também'". O
MC fez questão de ressaltar que
as histórias de "American
Gangster" são baseadas somente nas experiências do personagem interpretado por Denzel
Washington.
E, como destacou a "Rolling
Stone", ao contrário de Frank
Lucas, Jay-Z abandonou as
ruas antes da decadência. Tornou-se um viciado em rimas.
AMERICAN GANGSTER
Artista: Jay-Z
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 32, em média
Avaliação: bom
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