São Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 2009

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As meninas

Filho de hippies que faziam parte de grupo religioso, americano Chris Owens forma o duo Girls e lança um dos álbuns mais elogiados do ano

Sandy Kim/Divulgação
Os norte-americanos Chet 'JR' White(esq.) e Christopher Owens, que formam a dupla Girls e lançam nos Estados Unidos o badalado disco de estreia "Album"

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Norte-americano, filho de hippies que se tornaram religiosos, ele cresceu dentro de um fechado grupo cristão chamado Children of God. Fugiu ainda adolescente e morou em países como Japão e Dinamarca, onde ganhava trocados cantando nas ruas e fazendo pequenos trambiques. Voltou aos EUA e conheceu um empresário milionário, que o adotou. E tornou-se vocalista de rock.
Essa é a história de Christopher Owens, 30, que está sendo contada em diversos jornais e revistas depois que ele lançou o disco "Album", o primeiro de sua dupla, Girls -a outra metade é Chet "JR" White.
Girls, "Album"... Owens não possui muita imaginação para dar nomes; parece guardar as boas ideias para as canções, que trazem um irresistível sabor adolescente e ensolarado, típico do rock feito na costa Oeste dos EUA (o duo está baseado em San Francisco).
Melodias dos Beach Boys, surf music que soa ter saído de alguma praia do Havaí, coloridos toques psicodélicos. Está tudo em canções como a criminosamente curta "Lust for Life", "Hellhole Ratrace", "Laura" e nas outras nove que compõem "Album", lançado semanas atrás nos EUA.
Dá para ouvir músicas da banda em www.myspace.com/girls; se você for ao YouTube, esteja avisado de que o vídeo de "Lust for Life" vicia.
"Um clássico moderno", cravou o britânico "The Guardian"; "Dos mais estimulantes lançamentos pop do ano", brindou o "New York Times".
Esse clássico estimulante saiu da cabeça de Chris Owens, que na sexta-feira passada falou por telefone à Folha.
"Não há nenhuma intenção por trás das canções, nunca tentamos soar psicodélicos ou pop. É algo inconsciente. Me inspiro nos amigos de San Francisco, em punk, country music, pop dos anos 1960."
De tão inusitada, a história de Owens motivou o jornal "Village Voice" a investigar os fatos. A reportagem está em http://bit.ly/93ha8s.
"Vivi até a minha adolescência dentro do Children of God [hoje International Family, grupo do qual fizeram parte também Joaquin e River Phoenix]. Foi um período difícil, eu não gostava, não podia ouvir música, não tinha muita liberdade", diz à Folha. "Tudo bem, aprendi coisas com eles, é algo que fez parte da minha vida, mas quero olhar para frente."
Após deixar o grupo religioso, Owens viajou pelo mundo. Não trabalhou nem estudou.
"[Viajar pelo mundo] é uma das melhores coisas que alguém pode fazer. Não tinha um emprego. Há diversas maneiras de sobreviver, como cantar e tocar música pelas ruas, vender fitas cassete com vídeos religiosos..."
Então Owens voltou aos EUA. Com 16 anos, fincou moradia no Texas, onde conheceu o empresário Stanley Marsh 3, que informalmente o adotou. Hoje em San Francisco, Owens tornou-se um neohippie que, com "Lust for Life", fez a música mais cheia de vida do ano.


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