São Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 2009

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Obras de brasileiros discutem desdobramentos da pintura

DO ENVIADO A MONTERREY

Na onda globalizante da Bienal de Monterrey, o recorte dos artistas brasileiros se mostra mais coeso.
As obras de Fábio Cardoso, Luiz Zerbini, Henrique Oliveira, Kboco e Dora Longo Bahia juntas fazem uma discussão bem construída da pintura e dos seus desdobramentos no espaço.
Enquanto Cardoso mancha a superfície do quadro com objetos deixados sobre a tela, numa espécie de corrosão cromática, Zerbini mostra uma tela-espelho, que multiplica o ambiente.
Henrique Oliveira volta à carga com uma instalação em que caroços de madeira parecem transbordar de uma parede, enquanto Kboco revisita seus arabescos e suas escrituras num muro liso logo ao lado.
Dora Longo Bahia saiu à caça de pedaços de ferro e imprimiu sobre as placas metálicas uma pintura que fez de soldados no Afeganistão. Trouxe do Brasil só a película de tinta, que aplicou sobre ferro mexicano -material encontrado que reforça a obra com traços locais.
"Tem um monte de siderúrgicas aqui, isso era parte de um caminhão", lembra a artista.
"Fez 20 anos que caiu o Muro de Berlim, e os norte-americanos estão construindo outro muro aqui ao lado. Parece que a gente não aprendeu nada", diz Dora.
Já a obra de Oliveira ganha uma robustez inédita. Enquanto no Brasil o artista está acostumado a reutilizar pedaços de madeira descartada, usou retalhos frescos no México, o que confere certa pujança industrial, eco das usinas de aço, à instalação da Bienal de Monterrey.
Das telas de Fábio Cardoso e Zerbini e do mural de Kboco para as instalações de Dora Longo Bahia e Henrique Oliveira, brasileiros nesta bienal se mostraram prontos a engolir o espaço. (SM)


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