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Obras de brasileiros discutem desdobramentos da pintura
DO ENVIADO A MONTERREY
Na onda globalizante da Bienal de Monterrey, o recorte dos
artistas brasileiros se mostra
mais coeso.
As obras de Fábio Cardoso,
Luiz Zerbini, Henrique Oliveira, Kboco e Dora Longo Bahia
juntas fazem uma discussão
bem construída da pintura e
dos seus desdobramentos no
espaço.
Enquanto Cardoso mancha a
superfície do quadro com objetos deixados sobre a tela, numa
espécie de corrosão cromática,
Zerbini mostra uma tela-espelho, que multiplica o ambiente.
Henrique Oliveira volta à
carga com uma instalação em
que caroços de madeira parecem transbordar de uma parede, enquanto Kboco revisita
seus arabescos e suas escrituras
num muro liso logo ao lado.
Dora Longo Bahia saiu à caça
de pedaços de ferro e imprimiu
sobre as placas metálicas uma
pintura que fez de soldados no
Afeganistão. Trouxe do Brasil
só a película de tinta, que aplicou sobre ferro mexicano
-material encontrado que reforça a obra com traços locais.
"Tem um monte de siderúrgicas aqui, isso era parte de um
caminhão", lembra a artista.
"Fez 20 anos que caiu o Muro
de Berlim, e os norte-americanos estão construindo outro
muro aqui ao lado. Parece que a
gente não aprendeu nada", diz
Dora.
Já a obra de Oliveira ganha
uma robustez inédita. Enquanto no Brasil o artista está acostumado a reutilizar pedaços de
madeira descartada, usou retalhos frescos no México, o que
confere certa pujança industrial, eco das usinas de aço, à
instalação da Bienal de
Monterrey.
Das telas de Fábio Cardoso e
Zerbini e do mural de Kboco
para as instalações de Dora
Longo Bahia e Henrique Oliveira, brasileiros nesta bienal se
mostraram prontos a engolir o
espaço.
(SM)
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