São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Na zona leste, lazer é música e TV, diz pesquisa

Estudo em Itaquera mostra que 76% dos jovens da região divertem-se dentro de casa, mas gostariam de sair mais

Segundo professor da FGV, mercado de lazer para baixa renda é pouco explorado e eventos ligados à música têm mais chance de sucesso


JOANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas de entretenimento estão perdendo a chance de apostar nas periferias onde as opções de lazer são escassas e há uma multidão de jovens interessada em consumir.
Quem quiser investir neste mercado vai perceber que a concorrência é praticamente inexistente. Cinemas, bares e casas noturnas são raros nas regiões onde vive a população de baixa renda. Há, nessas áreas, uma demanda reprimida disposta a pagar, em alguns casos, mais de R$ 200 pelo ingresso de um show.
A opinião é de Frederico Moreira, professor da Fundação Getulio Vargas, que desenvolveu uma pesquisa com jovens de 18 a 24 anos residentes em Itaquera, no extremo leste de São Paulo. Moreira concluiu que o mercado de lazer para o público jovem de baixa renda tem potencial inexplorado e que eventos ligados à música têm mais chance de sucesso.
A principal forma de lazer dentro de casa para essa população é ouvir música, segundo 76% dos entrevistados. Para 58%, assistir à TV aberta também é uma das principais atividades para o tempo livre. A maioria, porém, diz que gostaria de ter mais lazer fora de casa. De acordo com a pesquisa, 78% destes jovens dizem que realizam pelo menos uma atividade fora de casa mensalmente, o que representa aproximadamente 20,5 mil pessoas só no distrito estudado.
Segundo a pesquisa DNA Paulistano/Datafolha, os moradores reclamam da falta de lazer no extremo leste, onde a maior parcela das famílias tem renda mensal de até dois salários mínimos e 27% dos moradores tem entre 16 e 24 anos. Moradores da região deram nota 3,3 para a oferta de áreas de lazer. A média paulistana foi 4.
Os jovens dizem ter conhecimento das opções de lazer da cidade, mas a freqüência com que têm acesso a elas é baixa. Entre os motivos que os limitam, a falta de dinheiro foi citada por 42%. Os locais mais freqüentados pelos jovens de Itaquera são os situados no distrito ou em bairros próximos.
A opção seria investir em locais mais próximos para evitar gastos com deslocamento, afirma Moreira. Segundo a pesquisa, a intenção de investimento no show preferido é de R$ 40 em média. Mas há uma pequena parcela, 6%, disposta a pagar de R$ 75 a R$ 100; e 4% pagariam mais de R$ 100, se o show fosse de seu cantor favorito.


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