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Na zona leste, lazer é música e TV, diz pesquisa
Estudo em Itaquera mostra que 76% dos jovens da região divertem-se dentro de casa, mas gostariam de sair mais
Segundo professor da FGV, mercado de lazer para baixa renda é pouco explorado e eventos ligados à música têm mais chance de sucesso
JOANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas de entretenimento estão perdendo a chance de apostar nas periferias onde as opções de lazer são escassas e há uma multidão de jovens interessada em consumir.
Quem quiser investir neste
mercado vai perceber que a
concorrência é praticamente
inexistente. Cinemas, bares e
casas noturnas são raros nas regiões onde vive a população de
baixa renda. Há, nessas áreas,
uma demanda reprimida disposta a pagar, em alguns casos,
mais de R$ 200 pelo ingresso
de um show.
A opinião é de Frederico Moreira, professor da Fundação
Getulio Vargas, que desenvolveu uma pesquisa com jovens
de 18 a 24 anos residentes em
Itaquera, no extremo leste de
São Paulo. Moreira concluiu
que o mercado de lazer para o
público jovem de baixa renda
tem potencial inexplorado e
que eventos ligados à música
têm mais chance de sucesso.
A principal forma de lazer
dentro de casa para essa população é ouvir música, segundo
76% dos entrevistados. Para
58%, assistir à TV aberta também é uma das principais atividades para o tempo livre. A
maioria, porém, diz que gostaria de ter mais lazer fora de casa. De acordo com a pesquisa,
78% destes jovens dizem que
realizam pelo menos uma atividade fora de casa mensalmente, o que representa aproximadamente 20,5 mil pessoas só no
distrito estudado.
Segundo a pesquisa DNA
Paulistano/Datafolha, os moradores reclamam da falta de
lazer no extremo leste, onde a
maior parcela das famílias tem
renda mensal de até dois salários mínimos e 27% dos moradores tem entre 16 e 24 anos.
Moradores da região deram nota 3,3 para a oferta de áreas de
lazer. A média paulistana foi 4.
Os jovens dizem ter conhecimento das opções de lazer da
cidade, mas a freqüência com
que têm acesso a elas é baixa.
Entre os motivos que os limitam, a falta de dinheiro foi citada por 42%. Os locais mais freqüentados pelos jovens de Itaquera são os situados no distrito ou em bairros próximos.
A opção seria investir em locais mais próximos para evitar
gastos com deslocamento, afirma Moreira. Segundo a pesquisa, a intenção de investimento
no show preferido é de R$ 40
em média. Mas há uma pequena parcela, 6%, disposta a pagar
de R$ 75 a R$ 100; e 4% pagariam mais de R$ 100, se o show
fosse de seu cantor favorito.
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