São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

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MÚSICA

Criado na Suécia, personagem tornou-se o ringtone mais popular da Europa

Sapo Maluco estoura como fenômeno da tecnologia

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele foi criado por um sueco, comprado por uma empresa alemã e tornou-se o maior fenômeno telefônico-fonográfico do Reino Unido. Com certo atraso, o Crazy Frog chega ao Brasil, apelidado de... Sapo Maluco.
Se "convergência" é a palavra que ilumina o caminho de quem discute novas tecnologias, o Sapo Maluco -essa criatura cinza-azulada que sempre usa um capacete branco de motociclista, óculos apoiados na cabeça, com um dente faltando e a pupila do olho esquerdo maior do que a do olho direito, além de possuir uma genitália no mínimo... esquisita- é o tesouro encontrado.
Sua história, do começo: em 1997, um sueco de 17 anos, Daniel Malmedahl, gravou a si mesmo em seu computador, imitando sons de motores dois-tempos numa voz fina, acompanhado de outros barulhos. A gravação se espalhou pela internet, e Daniel até foi chamado para fazer a imitação ao vivo, num programa de TV.
Em 2003, um outro sueco, Erik Wernquist, ouviu o arquivo de áudio e decidiu criar um personagem em animação para ilustrar aquilo. E colocou em seu site pessoal. No ano seguinte, a Jamba!, multinacional alemã, comprou os direitos das criações de Daniel e Erik, deu o nome de Crazy Frog e lançou como ringtone.
Pouco tempo depois, o anfíbio tornou-se o mais popular ringtone da Europa, rendendo à Jamba! mais de 14 milhões de libras (o equivalente, hoje, a R$ 56 mi).
Em maio de 2005, uma dupla de garotos alemães fez uma música baseada no Sapo Maluco, em que misturava os barulhos do animal com os teclados de "Axel F", a canção do filme "Um Tira da Pesada". O single foi lançado no Reino Unido na mesma semana que "Speed of Sound", canção que marcava o retorno do Coldplay. Mas nem o Chris Martin foi páreo para o anfíbio, e "Axel F" ganhou o topo da parada britânica.
O Sapo Maluco revelou-se um megassucesso entre crianças e adolescentes, mas se tornou uma enorme dor de cabeça entre o restante da população. Porque a Jamba! martelava as TVs britânicas com pequenas aparições do animal -chegaram a exibir, apenas naquele maio de 2005, 73.700 comerciais do ringtone, uma média de 2.370 por dia.
Um órgão do Reino Unido chegou a proibir a exibição dos comerciais em programas infantis depois que vários pais reclamaram da genitália à mostra do anfíbio. "Exibimos os comerciais muitas vezes porque muita gente fazia o download do ringtone após vê-lo na TV", disse Markus Berger-de León, da Jamba!.
Depois de ringtone e canção própria, o Sapo Maluco ganhou um disco. "Crazy Frog Presents Crazy Hits" (Warner; R$ 35, em média) é uma compilação baseada toda ela no sucesso de "Axel F": joga os barulhos onomatopéicos do sapo em cima de melodias de teclados. Assim, temos "Popcorn", o segundo single, num embalo trance; "The Pink Panther" (da pantera cor-de-rosa...), "Dirty Frog" (que lembra o electro-tecno "Get's Nocht", do alemão Roman Flugel) e até "Frog Funk".
"Axel F", ouvida pela primeira vez, é bem divertida. Mas, quando lembramos que o CD contém outras 19 faixas semelhantes, que as rádios e o filho do vizinho deverão tocar aquilo umas 780 vezes por dia, não dá para escapar da mente a visão de Michael Douglas em "Um Dia de Fúria"... (Pelo menos o país se livrou dos comerciais de ringtones do sapo. Por enquanto.)


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