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MÚSICA
Criado na Suécia, personagem tornou-se o ringtone mais popular da Europa
Sapo Maluco estoura como fenômeno da tecnologia
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele foi criado por um sueco,
comprado por uma empresa alemã e tornou-se o maior fenômeno telefônico-fonográfico do Reino Unido. Com certo atraso, o
Crazy Frog chega ao Brasil, apelidado de... Sapo Maluco.
Se "convergência" é a palavra
que ilumina o caminho de quem
discute novas tecnologias, o Sapo
Maluco -essa criatura cinza-azulada que sempre usa um capacete branco de motociclista, óculos apoiados na cabeça, com um
dente faltando e a pupila do olho
esquerdo maior do que a do olho
direito, além de possuir uma genitália no mínimo... esquisita- é o
tesouro encontrado.
Sua história, do começo: em
1997, um sueco de 17 anos, Daniel
Malmedahl, gravou a si mesmo
em seu computador, imitando
sons de motores dois-tempos numa voz fina, acompanhado de outros barulhos. A gravação se espalhou pela internet, e Daniel até foi
chamado para fazer a imitação ao
vivo, num programa de TV.
Em 2003, um outro sueco, Erik
Wernquist, ouviu o arquivo de
áudio e decidiu criar um personagem em animação para ilustrar
aquilo. E colocou em seu site pessoal. No ano seguinte, a Jamba!,
multinacional alemã, comprou os
direitos das criações de Daniel e
Erik, deu o nome de Crazy Frog e
lançou como ringtone.
Pouco tempo depois, o anfíbio
tornou-se o mais popular ringtone da Europa, rendendo à Jamba!
mais de 14 milhões de libras (o
equivalente, hoje, a R$ 56 mi).
Em maio de 2005, uma dupla de
garotos alemães fez uma música
baseada no Sapo Maluco, em que
misturava os barulhos do animal
com os teclados de "Axel F", a
canção do filme "Um Tira da Pesada". O single foi lançado no Reino Unido na mesma semana que
"Speed of Sound", canção que
marcava o retorno do Coldplay.
Mas nem o Chris Martin foi páreo
para o anfíbio, e "Axel F" ganhou
o topo da parada britânica.
O Sapo Maluco revelou-se um
megassucesso entre crianças e
adolescentes, mas se tornou uma
enorme dor de cabeça entre o restante da população. Porque a
Jamba! martelava as TVs britânicas com pequenas aparições do
animal -chegaram a exibir, apenas naquele maio de 2005, 73.700
comerciais do ringtone, uma média de 2.370 por dia.
Um órgão do Reino Unido chegou a proibir a exibição dos comerciais em programas infantis
depois que vários pais reclamaram da genitália à mostra do anfíbio. "Exibimos os comerciais
muitas vezes porque muita gente
fazia o download do ringtone
após vê-lo na TV", disse Markus
Berger-de León, da Jamba!.
Depois de ringtone e canção
própria, o Sapo Maluco ganhou
um disco. "Crazy Frog Presents
Crazy Hits" (Warner; R$ 35, em
média) é uma compilação baseada toda ela no sucesso de "Axel
F": joga os barulhos onomatopéicos do sapo em cima de melodias
de teclados. Assim, temos "Popcorn", o segundo single, num embalo trance; "The Pink Panther"
(da pantera cor-de-rosa...), "Dirty
Frog" (que lembra o electro-tecno
"Get's Nocht", do alemão Roman
Flugel) e até "Frog Funk".
"Axel F", ouvida pela primeira
vez, é bem divertida. Mas, quando
lembramos que o CD contém outras 19 faixas semelhantes, que as
rádios e o filho do vizinho deverão tocar aquilo umas 780 vezes
por dia, não dá para escapar da
mente a visão de Michael Douglas
em "Um Dia de Fúria"... (Pelo
menos o país se livrou dos comerciais de ringtones do sapo. Por enquanto.)
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