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Comentário
Novidades da cerimônia são cosméticas
BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Continua chata, previsível e longa a cerimônia do
Oscar. O anunciado despojamento dos tempos de
crise criou falsa expectativa. O número de abertura,
que Hugh Jackman apresentou cantando, tentou
dar um ar de improviso
simpático, mas o Oscar é
mesmo a festa em que a indústria tem de reafirmar
poder e glamour. Assim, o
que se faz em termos de
novidade é cosmético.
Mesmo que a Academia
tenha se arriscado a optar
por um ator versátil como
Jackman, que vai de Wolverine à Broadway -, tudo
soa déjà vu. A principal
mudança neste ano na
apresentação das categorias de interpretação: cada
indicado/a foi anunciado
por um/a ganhador/a daquela categoria em outras
edições do Oscar, o que
criou momentos mais
"personalizados".
Um dos destaques foi a
sempre engraçada Whoopi Goldberg se solidarizando com Amy Adams
pelas dificuldades de fazer
papel de freira. Outro,
Sean Penn ouvindo quase
às lágrimas o amigo Robert De Niro. Penn, aliás,
fez o único discurso de
agradecimento mais tocante, com menções a Barack Obama e ao concorrente Mickey Rourke.
A emoção, se houver, fica por conta de certa "torcida", mas este, ao contrário de 2008, era um ano de
poucas expectativas.
Sim, parecia justo conceder um Oscar póstumo a
Heath Ledger. Mas não
havia muito como torcer
para "Benjamin Button"
contra "Quem Quer Ser
um Milionário?". Ao contrário: diante de um Brad
Pitt hierático e gelado, a
alegria genuína dos técnicos, dos atores-criança indianos e do diretor Danny
Boyle, certamente os segundos pareciam merecer
mais a estatueta.
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