São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

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Comentário

Novidades da cerimônia são cosméticas

BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA

Continua chata, previsível e longa a cerimônia do Oscar. O anunciado despojamento dos tempos de crise criou falsa expectativa. O número de abertura, que Hugh Jackman apresentou cantando, tentou dar um ar de improviso simpático, mas o Oscar é mesmo a festa em que a indústria tem de reafirmar poder e glamour. Assim, o que se faz em termos de novidade é cosmético.
Mesmo que a Academia tenha se arriscado a optar por um ator versátil como Jackman, que vai de Wolverine à Broadway -, tudo soa déjà vu. A principal mudança neste ano na apresentação das categorias de interpretação: cada indicado/a foi anunciado por um/a ganhador/a daquela categoria em outras edições do Oscar, o que criou momentos mais "personalizados".
Um dos destaques foi a sempre engraçada Whoopi Goldberg se solidarizando com Amy Adams pelas dificuldades de fazer papel de freira. Outro, Sean Penn ouvindo quase às lágrimas o amigo Robert De Niro. Penn, aliás, fez o único discurso de agradecimento mais tocante, com menções a Barack Obama e ao concorrente Mickey Rourke.
A emoção, se houver, fica por conta de certa "torcida", mas este, ao contrário de 2008, era um ano de poucas expectativas.
Sim, parecia justo conceder um Oscar póstumo a Heath Ledger. Mas não havia muito como torcer para "Benjamin Button" contra "Quem Quer Ser um Milionário?". Ao contrário: diante de um Brad Pitt hierático e gelado, a alegria genuína dos técnicos, dos atores-criança indianos e do diretor Danny Boyle, certamente os segundos pareciam merecer mais a estatueta.


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