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São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003

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"Que vergonha, senhor Bush", diz Michael Moore ao receber Oscar

DA REPORTAGEM LOCAL

"Que vergonha, senhor Bush, vergonha do senhor!" O cineasta Michael Moore fez o mais contundente e exclamativo discurso anti-guerra na cerimônia de entrega do Oscar, ao receber a estatueta de melhor documentário em longa-metragem, por "Bowling For Columbine" (Jogando Boliche para Columbine).
Moore subiu ao palco aplaudido de pé pela platéia. Seu filme trata do assassinato de 13 pessoas por dois estudantes da escola Columbine, no Colorado, ocorrido em 1999, e é considerado um libelo anti-armas.
O diretor começou seu discurso dizendo que havia convidado ao palco os colegas documentaristas que concorriam com ele.
"Eles estão aqui em solidariedade a mim. Nós gostamos de documentário, mas vivemos num tempo de ficção, em que temos resultados eleitorais fictícios e um presidente fictício. Estão nos enviando à guerra por razões fictícias. O seu tempo acabou, senhor Bush".
Enquanto Moore falava e ao fim de seu discurso, a platéia se dividiu entre vaias e aplausos.
No sábado passado, Moore já havia feito um discurso anti-guerra e anti-Bush, quando venceu (também com "Bowling For Columbine") o Spirit Awards -versão independente dos prêmios Oscar.
"A lição para as crianças de Columbine nesta semana é a de que a violência é um meio aceitável para resolver conflitos. É uma mensagem triste e doentia", disse Moore, que usava um broche com a frase "Shoot movies, not Iraqis" (um trocadilho com o duplo significado do verbo inglês to shoot -atirar e rodar [filmes"- , cujo sentido é "faça filmes, não atire em iraquianos").

Premiação independente
O Spirit Awards consagrou "Far from Heaven" (Longe do Paraíso), que venceu nas categorias atriz (Julianne Moore), ator coadjuvante (Dennis Quaid), diretor (Todd Haynes) e fotografia (Edward Lachman), além de filme.
"Far from Heaven" acompanha a vida de uma dona-de-casa de hábitos comuns cujo marido se apaixona por outro homem. Branca, ela se sente atraída por seu jardineiro negro.
Ao receber o troféu, a atriz Julianne Moore disse: "Somos pais e ensinamos nossos filhos a não lutar. Lutar não é a resposta".
"Far from Heaven" teve quatro indicações ao Oscar, incluindo a de melhor atriz para Moore.
"Não acho que eu vá ganhar o Oscar", respondeu a atriz, ao ser perguntada se repetiria na entrega do Oscar o discurso contrário à guerra. O Oscar foi para Nicole Kidman.
Ao apresentar um dos prêmios Spirit Awards, a atriz Maggie Gyllenhaal interrompeu a leitura e disse: "Estamos no meio de uma guerra. Isso tem a ver com petróleo e é uma vergonha".
Também foram premiados no Spirit Awards Derek Luke (melhor ator, por "Antwone Fisher"), Emily Mortimer (melhor atriz coadjuvante, por "Lovely & Amazing"), Nia Vardalos (melhor performance de estréia, por "Casamento Grego"), Mike White (melhor roteiro, de "The Good Girl"), "E Sua Mãe Também" (melhor filme estrangeiro), Erin Cressida Wison (melhor roteiro de estréia, "Secretary") e "The Dangerous Lives of Altar Boys" (melhor filme de estréia).


Com agências internacionais


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