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BEBIDA
Chuvas revigoram as vinícolas do Sul
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
A mesma seca que durante
os últimos meses deixou vários municípios do Rio Grande
do Sul em estado de emergência -quebrando a produção
de milho e soja- brindou os
viticultores do Estado com
uma safra excepcional.
Acostumados a sofrer com
as chuvas durante o verão, neste ano o tempo seco e ensolarado permitiu que os vinhateiros
da região obtivessem grãos
com ótima maturação.
"A safra 2005 é a melhor que
tenho visto no Brasil. Nunca vi
uva desta qualidade", afirma o
enólogo chileno Carlos Abarzúa, gerente geral da vinícola
Cave de Amadeu, com 22 anos
de experiência nos vinhedos
gaúchos. "Temos conteúdo de
açúcar nas uvas como para obter vinhos com mais de 13
graus de álcool natural", completa ele.
Com os cachos no ponto certo, as vinícolas não precisarão
adicionar açúcar ao mosto,
técnica conhecida como chapitalização, realizada para elevar o grau alcoólico do vinho
quando os caldos não têm teor
adequado.
"Neste ano, as características
varietais estão mais acentuadas. Cepas como a Gewürztraminer têm mais perfume, e a
Sauvignon Blanc mostra aromas característicos de manga e
goiaba", declara, entusiasmado, Lucindo Copat, da Vinhos
Salton.
Alem do clima, um fator-chave para elevar o nível da
fruta é a diminuição da produtividade dos parreirais: quanto
menos cachos por videira,
mais concentração terá a uva
-e, assim, o vinho. Para Fabio
Miolo, da vinícola Miolo, a
prática foi outro fator de sucesso na safra. "Um ponto importante em 2005 foi o manejo dos
vinhedos. O setor está mobilizado para trabalhar nisso."
A abundância de uva de qualidade deve trazer neste ano
um efeito paralelo. Segundo o
enólogo Carlos Zanus, da De
Lantier, "durante os últimos
anos a uva esteve muito cara.
Devemos ter chance de colocar, em pouco tempo, vinhos
mais baratos no mercado".
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