São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 2005

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BEBIDA

Chuvas revigoram as vinícolas do Sul

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

A mesma seca que durante os últimos meses deixou vários municípios do Rio Grande do Sul em estado de emergência -quebrando a produção de milho e soja- brindou os viticultores do Estado com uma safra excepcional.
Acostumados a sofrer com as chuvas durante o verão, neste ano o tempo seco e ensolarado permitiu que os vinhateiros da região obtivessem grãos com ótima maturação.
"A safra 2005 é a melhor que tenho visto no Brasil. Nunca vi uva desta qualidade", afirma o enólogo chileno Carlos Abarzúa, gerente geral da vinícola Cave de Amadeu, com 22 anos de experiência nos vinhedos gaúchos. "Temos conteúdo de açúcar nas uvas como para obter vinhos com mais de 13 graus de álcool natural", completa ele.
Com os cachos no ponto certo, as vinícolas não precisarão adicionar açúcar ao mosto, técnica conhecida como chapitalização, realizada para elevar o grau alcoólico do vinho quando os caldos não têm teor adequado.
"Neste ano, as características varietais estão mais acentuadas. Cepas como a Gewürztraminer têm mais perfume, e a Sauvignon Blanc mostra aromas característicos de manga e goiaba", declara, entusiasmado, Lucindo Copat, da Vinhos Salton.
Alem do clima, um fator-chave para elevar o nível da fruta é a diminuição da produtividade dos parreirais: quanto menos cachos por videira, mais concentração terá a uva -e, assim, o vinho. Para Fabio Miolo, da vinícola Miolo, a prática foi outro fator de sucesso na safra. "Um ponto importante em 2005 foi o manejo dos vinhedos. O setor está mobilizado para trabalhar nisso."
A abundância de uva de qualidade deve trazer neste ano um efeito paralelo. Segundo o enólogo Carlos Zanus, da De Lantier, "durante os últimos anos a uva esteve muito cara. Devemos ter chance de colocar, em pouco tempo, vinhos mais baratos no mercado".


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