São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 2005

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ENTREVISTA

Especial apresenta pluralidade de Maalouf

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os livros trazem com freqüência lindas surpresas. Uma delas foi "A Cruzada Vista pelos Árabes" (4ª edição de 2004, Brasiliense), do jornalista, historiador e ensaísta franco-libanês Amin Maalouf, 57. Quatro de seus livros já foram traduzidos em português, entre eles "O Rochedo de Tânios", que recebeu o Prêmio Goncourt.
Maalouf é o tema de um curto documentário dirigido por Gunn Gestrin que o SescSenac leva ao ar hoje à noite. É a oportunidade para conhecer um personagem que não expõe apenas sua rara sensibilidade intelectual. Como libanês de língua francesa, ele é também o representante de duas culturas confluentes e antagônicas -a cristã e a muçulmana- sobre a qual faz digressões ao mesmo tempo pessimistas e delicadas.
"Meu papel de escritor é o de construir mitos positivos, e eu os construo com a matéria-prima que me é fornecida pela história", diz ele, debaixo de um boné de camponês do interior da França, país em que se fixou em 1975.
É como se Maalouf buscasse um mundo que ele próprio reconhece ter iniciado seu longo colapso no século 12, quando o equilíbrio entre ocidentais e árabes foi quebrado pela supremacia cristã.
O autor tem um sentimento cristalino de amor pelo Líbano, onde as comunidades chegaram a viver em harmonia e a se definir como um só povo. Beirute, a exemplo de Alexandria, no Egito, orgulhava-se por sua diversidade. Ser "plural" significava cultivar regras de convivência com aquele que nos é diferente. Algo que a história dos conflitos aos poucos reprimiu, e os nacionalismos se encarregaram de dar uma dimensão quase étnica e belicista.
Amin Maalouf não é um profeta ou um gênio político-literário. É um homem absolutamente sensível, sem no entanto deixar de ser comum. É por isso que ele se torna um personagem fascinante. E é por isso que a conversa que ele tem conosco é compreensível e repleta de boas lições.


Visões do Mundo: Amin Maalouf
Quando: hoje, às 21h, na SescSenac



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