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ENTREVISTA
Especial apresenta pluralidade de Maalouf
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os livros trazem com freqüência
lindas surpresas. Uma delas foi "A
Cruzada Vista pelos Árabes" (4ª
edição de 2004, Brasiliense), do
jornalista, historiador e ensaísta
franco-libanês Amin Maalouf, 57.
Quatro de seus livros já foram traduzidos em português, entre eles
"O Rochedo de Tânios", que recebeu o Prêmio Goncourt.
Maalouf é o tema de um curto
documentário dirigido por Gunn
Gestrin que o SescSenac leva ao ar
hoje à noite. É a oportunidade para conhecer um personagem que
não expõe apenas sua rara sensibilidade intelectual. Como libanês
de língua francesa, ele é também o
representante de duas culturas
confluentes e antagônicas -a
cristã e a muçulmana- sobre a
qual faz digressões ao mesmo
tempo pessimistas e delicadas.
"Meu papel de escritor é o de
construir mitos positivos, e eu os
construo com a matéria-prima
que me é fornecida pela história",
diz ele, debaixo de um boné de
camponês do interior da França,
país em que se fixou em 1975.
É como se Maalouf buscasse um
mundo que ele próprio reconhece
ter iniciado seu longo colapso no
século 12, quando o equilíbrio entre ocidentais e árabes foi quebrado pela supremacia cristã.
O autor tem um sentimento
cristalino de amor pelo Líbano,
onde as comunidades chegaram a
viver em harmonia e a se definir
como um só povo. Beirute, a
exemplo de Alexandria, no Egito,
orgulhava-se por sua diversidade.
Ser "plural" significava cultivar
regras de convivência com aquele
que nos é diferente. Algo que a
história dos conflitos aos poucos
reprimiu, e os nacionalismos se
encarregaram de dar uma dimensão quase étnica e belicista.
Amin Maalouf não é um profeta
ou um gênio político-literário. É
um homem absolutamente sensível, sem no entanto deixar de ser
comum. É por isso que ele se torna um personagem fascinante. E é
por isso que a conversa que ele
tem conosco é compreensível e
repleta de boas lições.
Visões do Mundo: Amin
Maalouf
Quando: hoje, às 21h, na SescSenac
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