|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Almodóvar se abre ao melodrama sem reservas
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É um estranho filme "A Flor
do Meu Segredo" (TC Cult,
17h55; 12 anos), no qual a escritora Leo (Marisa Paredes) se
esconde sob um pseudônimo
para publicar seus romances
vagabundos e vendáveis.
Amanda Gris é o seu pseudônimo. Ela desperta a apaixonada atenção de um editor de revista literária sofisticada.
O editor, Ángel (Juan Echanove), se interessa pelo trabalho dela, ou por ela, é quase a
mesma coisa.
O que torna este filme um
tanto particular é ter sido recebido com reservas por seu lado
abertamente melodramático,
num momento, em 1994, em
que Pedro Almodóvar ainda oscilava entre o melô e a comédia,
ou antes, tirava o cômico do
melô (e às vezes vice-versa).
Pode ser. Mas existe algo de
particular neste filme: os personagens nunca estão bem em
sua pele. Pisam no solo como
quem pisa em brasas.
Há um desajuste fundamental que parece atravessar tudo.
Talvez por isso podemos nem
ir atrás do filme. Mas, se topamos com ele, fica difícil parar
de olhar.
Texto Anterior: Televisão/O melhor do dia Próximo Texto: José Simão: Em SP, Dia Mundial da Água é todo dia Índice
|