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Cannes reúne estrelas contra a "morte do cinema"
Sem brasileiros concorrentes à Palma de Ouro, festival anuncia medida para atrair público ao filme de autor
Disputa tem Lars von Trier, Almodóvar e Tarantino; "À Deriva", novo longa de Heitor Dhalia ("O Cheiro do Ralo') está em seção paralela
DA REPORTAGEM LOCAL
Junto com os 20 filmes em
disputa pela Palma de Ouro, o
62º Festival de Cannes (13/5 a
24/5) anunciou ontem a intenção de lutar contra a morte
anunciada do cinema de autor
-por escassez de público.
"Segundo as últimas notícias,
o cinema que amamos -o cinema altivo, original, singular, o
cinema dos caminhos transversais- teria sido declarado morto pelos legistas do pensamento único", afirmou o presidente
do festival, Gilles Jacob, em
editorial que acompanha a relação dos filmes selecionados.
Há apenas um título brasileiro na seleção oficial de Cannes,
"À Deriva", de Heitor Dhalia,
escalado na mostra paralela
"Um Certo Olhar" (leia a lista
completa no quadro ao lado).
"Estou muito feliz, sobretudo pela qualidade daquela lista
[de competidores]. É muito bacana estar em tão boa companhia. Que lista é aquela?!? Há
uma clara indicação de [destaque aos] autores", diz Dhalia.
Para reafirmar o vigor dos
autores "independentes" da
engrenagem hollywoodiana,
Jacob reuniu na competição
pela Palma de Ouro:
a) um time de cineastas pop,
como Pedro Almodóvar, Ang
Lee, Quentin Tarantino, Lars
von Trier; b) uma equipe de polemistas insolentes, como Gaspar Noé ("Irreversível"), Michael Haneke ("Violência Gratuita"), Elia Suleiman ("Intervenção Divina") e Lou Ye, que
já foi banido de seu trabalho pelo governo chinês e enfrentou
problemas com a censura de
seu país quando exibiu em Cannes o provocante "Summer Palace" (2006); c) velhos mestres
como Alain Resnais e Marco
Bellocchio.
Afinal, para Jacob, "o cinema
independente não é um conjunto de regras nem uma questão de geração; é uma atitude".
Três mulheres estão na competição: Jane Campion, única
diretora até hoje a vencer a Palma de Ouro ("O Piano"), Andrea Arnold e Isabel Coixet.
Quando os títulos da competição forem lançados nos cinemas, o festival usará seu site
(www.festival-cannes.fr) para dar "a pedrinha de apoio de
Cannes aos cineastas independentes", afirma Jacob.
Segundo ele, "a ideia é apresentar ao público, particularmente ao público jovem, os
cinco primeiros minutos do filme, e não o indefectível trailer,
que acaba minando o desejo".
O efeito esperado é que "o internauta largue teclados e joguinhos e fique tentado a correr para o cinema mais próximo para descobrir o resto".
O júri é presidido pela atriz
francesa Isabelle Huppert e inclui as atrizes Asia Argento
(Itália), Shu Qi (Taiwan) e Robin Wright Penn (EUA), os cineastas James Gray (EUA),
Nuri Bilge Ceylan (Turquia),
Lee Chang-Dong (Coreia) e o
escritor inglês Hanif Kureishi.
Amanhã, sairão as seleções
da Quinzena dos Realizadores
e da Semana da Crítica.
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