São Paulo, sexta-feira, 24 de abril de 2009

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Morre o fotógrafo Otto Stupakoff, 73

Paulistano era um dos pioneiros da fotografia de moda no Brasil e retratou nomes famosos, como Sophia Loren e Sharon Tate

Mostra com sua obra foi encerrada no sábado, no Instituto Moreira Salles, no Rio; Stupakoff morava em um flat em São Paulo


DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano Otto Stupakoff, 73, um dos nomes pioneiros da fotografia de moda no Brasil, morreu no flat em que vivia, no Itaim Bibi (zona sul de São Paulo). Funcionários do local encontraram-no morto na manhã de anteontem. Segundo familiares, ele provavelmente sofreu um ataque cardíaco.
O velório aconteceu ontem no cemitério São Paulo, em Pinheiros. Até o fechamento desta edição, não estava confirmado se ele seria cremado ou enterrado.
Stupakoff tinha acabado de ganhar mostra com 65 fotografias no Instituto Moreira Salles, no Rio, encerrada no último sábado. Parte do acervo do fotógrafo foi incorporado ao instituto recentemente.
Stupakoff voltou a morar em São Paulo em 2005. Ele foi destacado profissional de moda em anos de ouro da revista "Harper's Bazaar", sendo contratado em 1965 pela revista americana. Em São Paulo, sete anos antes, marcou época por ter iniciado o trabalho profissional da fotografia de moda.
Com 40 imagens no acervo permanente do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), retratou diversas celebridades, como Sophia Loren, Sharon Tate, Olivia Hussey e Jennifer Connelly.
Para o fotógrafo Bob Wolfenson, "a sua vida me inspirou mais que seu estilo. Apesar de conhecermos algo de sua obra faz tempo, foi só há pouco tempo que pudemos novamente retomar o contato com sua produção. Mas, em sua vida, ele levou tudo às últimas consequências, e isso eu admirava nele". Wolfenson conheceu pessoalmente Stupakoff em 2002, nos EUA, quando ele morava em Hurley, no Estado de Nova York.
Ele e o fotógrafo Fernando Laszlo foram dois dos principais responsáveis pela retomada da carreira de Stupakoff no Brasil, ajudando a organizar exposições sobre a sua obra e publicações, como o livro-retrospectiva que foi lançado pela Cosac Naify em 2006.
A editora planeja editar outros livros com a produção do fotógrafo, entre eles um com registros feitos no Camboja, em 1994, com um viés mais "social". "Esse lado já está presente em todo o meu trabalho. Aprendi em 71 anos de vida [em 2006] o valor da integridade, seja ao fazer uma natureza-morta, uma foto de moda ou uma imagem de pedinte na rua", disse Stupakoff à Folha em dezembro de 2006.
"De certa forma, ele já estava imortalizado pela sua obra, que não vai ser mais esquecida", diz Wolfenson. "Antes de o encontrarmos, não havia nada reunido. Tivemos trabalho para mostrarmos tudo o que se conhece hoje dele."
"Ele levava a fundo tudo o que fazia", afirma Laszlo. "Aprendi muita coisa do que sei com ele. Otto continuava a ser um rebelde, a ter um gênio forte, e encontrou aqui um mercado muito diferente do que o que havia nas décadas de 50 e 60."


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