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Brasiliana e Biblioteca Nacional mostram avanço de acervos públicos
DA REPORTAGEM LOCAL
A "Maria Bonita" é mais alta
que uma mulher grande e bem
mais larga que uma mulher
gorda. Tem um tubo de vento
para separar as páginas dos livros e um braço de sucção para
pegar uma folha por vez. Lá em
cima, como olhos de caranguejo, duas câmeras digitais fotografam as páginas, que depois
são tratadas e convertidas em
formato digital antes de ir para
a internet.
Ela é o robô da biblioteca
Brasiliana Digital da USP, projeto que começa a levar ao público o acervo de livros e documentos raros doados à universidade pelo bibliófilo José Mindlin, morto em fevereiro.
Embora funcione em caráter
experimental (a versão 2.0,
operacional, está prevista para
outubro), a página (www.brasiliana.usp.br) já reúne as primeiras centenas de pérolas da
coleção de Mindlin, de 17 mil
títulos. Estão lá, com páginas
nítidas e textos de apresentações de especialistas, primeiras
edições de Machado de Assis e
José de Alencar, periódicos, dicionários, relatos de viagem e
clássicos como a "História Geral do Brazil" de Varnhagen.
Enquanto o mercado ainda
patina para vender livros digitais, a Brasiliana é um dos
exemplos de como os acervos
públicos estão mais adiantados
em trazer à luz, e gratuitamente, obras neste formato.
O diretor da Brasiliana, Pedro Puntoni, coordena uma
equipe de 15 bolsistas da Fapesp, a fundação de amparo à
pesquisa do Estado de SP, que
em 2008 injetou R$ 980 mil no
projeto (o robô custou US$ 220
mil, R$ 378 mil em valor atual).
Trabalha em conjunto com a
equipe da curadora da coleção
de Mindlin, Cristina Antunes.
A "Maria Bonita", assim batizada porque os primeiros servidores da Brasiliana ganharam
nome de cangaceiros, fica na
casa onde vivia o bibliófilo.
A princípio, a digitalização
começaria pelo acervo do IEB,
Instituto de Estudos Brasileiros da USP, que integra o projeto. Mas, segundo Puntoni e Antunes, o IEB desistiu da parceria. A Folha tentou falar com a
diretora do instituto, Ana Lucia Lanna, mas não houve resposta ao pedido de entrevista.
Exemplo mais desenvolvido
é o da Biblioteca Nacional Digital (bndigital.bn.br), da fundação homônima do governo
federal, criada em 2006 e que,
segundo a coordenadora Angela Bettencourt, já tem 30 mil
itens digitalizados (dos 9,5 milhões da biblioteca). Na internet pode-se consultar raridades como a coleção fotográfica
do imperador D. Pedro 2º e documentos sobre a escravidão e
a Guerra do Paraguai.
(FV)
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