São Paulo, Sábado, 24 de Abril de 1999
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POLÍTICA CULTURAL
Evento deve ser transmitido por rede nacional de TV, com apoio da comunidade cinematográfica
MinC cria "Oscar" para o cinema nacional

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

O Ministério da Cultura vai entregar pela primeira vez, em janeiro de 2000, um prêmio nacional de cinema, ainda sem nome, uma espécie de Oscar ou Cesar brasileiro.
A idéia de José Álvaro Moisés, secretário para o desenvolvimento do audiovisual do ministério, é aproveitar a retomada da produção de filmes no país e o reconhecimento que algumas produções brasileiras obtiveram no exterior.
Uma grande festa, transmitida por uma rede nacional de TV, com o apoio de toda a comunidade cinematográfica, para reconhecer os melhores da tela em cada ano ajudará, nessa visão, a catalisar esse bom momento e aumentar as platéias para o cinema nacional.
Os detalhes da organização ainda estão sendo definidos por Moisés. Ele fala em 10 ou 12 categorias para premiação: filme, roteiro, diretor, ator, atriz, fotografia, iluminação, trilha sonora, produção de TV, curta, documentário.
Não haverá prêmio em dinheiro. Segundo Moisés, a pedido da própria comunidade, que prefere que todos os recursos disponíveis sejam investidos na própria festa.
Todos os filmes que tenham estreado nos 12 meses anteriores ao início do processo de seleção dos melhores (marcado, em princípio, para outubro) estarão automaticamente inscritos para o prêmio.
Primeiro, uma comissão composta de 9 a 11 pessoas (profissionais da área, críticos de cinema e acadêmicos) escolherá os três finalistas em cada categoria.
Um colégio eleitoral de cerca de mil pessoas vai receber, pelo correio, as cédulas em que votarão para escolher os vencedores.
Seus componentes serão: profissionais, críticos, jornalistas, secretários estaduais de Cultura, dirigentes de instituições culturais, empresários ligados à cultura.
Os eleitores serão solicitados a assistir a todos os filmes finalistas. O Ministério da Cultura enviará vídeos para quem os solicitar.
Os votos serão devolvidos em envelopes lacrados para a contabilização, após prazo de três meses.
O objetivo do colégio eleitoral, diz Moisés, é "o envolvimento de massa crítica mais ampla, da sociedade, com o seu cinema".
O nome do prêmio está em discussão. Alguns acham que se deve manter o nome do atual prêmio Ministério da Cultura. Outros defendem que se homenageie alguma grande figura do cinema, como Humberto Mauro ou Fernanda Montenegro. O prêmio será uma estatueta, já em preparo.
Moisés diz que já tem R$ 300 mil disponíveis para a festa, do orçamento do ministério. Mas afirma que vai procurar captar mais dinheiro junto a empresas.
A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV) está envolvida com os planos para o prêmio e promete cooperar.
O cinema brasileiro não tem um prêmio nacional desde os tempos do Saci e da Coruja de Ouro.
Desde 1995, há o prêmio Ministério da Cultura, R$ 25 mil para cada uma das sete áreas básicas da cultura, inclusive o cinema.
Os filmes brasileiros tiveram, em 1998, 5% do mercado nacional, em ocupação de salas. Em 1991, essa participação foi de 1%. O objetivo do governo é chegar a 20% em 2002. Vinte anos antes, em 1982, ela atingira o recorde de 35%.
Para este ano, está previsto o lançamento de 48 filmes brasileiros no mercado. Em 1998, foram 26; em 1997, 23; em 1996, 15.
Há, ainda, 63 produções em fase de finalização e 71 com mais de 60% de seu orçamento em mãos, portanto, prontos para começar.
Entre 1995 e 1998, o faturamento em bilheteria, venda de vídeos e encomendas de emissoras de TV do cinema nacional foi de US$ 73 milhões. Em 1998, o Brasil importou R$ 660 milhões em filmes e exportou cerca de R$ 40 milhões.
De 1990 a 1995, devido ao fim da política de suporte oficial ao cinema determinado pelo governo Collor de Mello, a produção nacional no setor entrou em colapso e praticamente não existiu.


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