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DOCUMENTÁRIO
Erudito e popular formam "Dança Mestiça"
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
Quando criança, Eros Volúsia
(1914-2004), tema do documentário "A Dança Mestiça" (Rede
SescSenac), costumava pular o
muro da casa onde morava para
sacolejar num terreiro de umbanda da vizinhança. Mal poderia
imaginar que sua brincadeira seria o prenúncio de uma longa pesquisa sobre a dança e os ritmos
brasileiros.
A bailarina, que iniciou seus estudos de dança clássica com Maria Olenewa, no Teatro Municipal
do Rio de Janeiro, foi uma das primeiras a aliar sua formação erudita à tradição popular para criar
movimentos tipicamente brasileiros. "Eu queria que a dança fosse
fruto de um pensamento", dizia.
E conseguiu. Do alto de suas sapatilhas de ponta, deixou sua virtuosa interpretação de "Tico-Tico
no Fubá", de Zequinha de Abreu.
Outra de suas mais lembradas
performances é "Macumba", que
foi sucesso no cassino da Urca, no
Rio, que depois ganharia o mundo. Carmem Miranda dizia imitar
os movimentos de Volúsia para
compor seu gestual pop de mãos e
braços.
Nos anos 40, Volúsia foi fotografada por um norte-americano,
o que lhe rendeu a capa da revista
"Life". Na chegada a Los Angeles,
a bailarina foi recepcionada pelo
poeta brasileiro Raul Bopp, entre
outros artistas, e não demorou
para que fosse convidada a participar de filmes. Estreou no cinema, nos EUA, em "Rio Rita".
Após sua passagem pela França,
na volta para o Brasil, Volúsia
perdeu a bagagem em que levava
seus ricos adereços recolhidos durante anos para compor seus figurinos. Há quem diga que ficou
imensamente deprimida.
Aqui, começou a ensinar balé e
iniciou aulas, consideradas inusitadas para a época, em que mesclava maxixe, maracatu, frevo e
samba à tradição clássica.
O documentário traz depoimentos de amigos e parentes, entrecortados por fotos e aparições
da bailarina em programas de televisão brasileiros. É rico em informações, mas peca no acabamento, principalmente quando não credita os entrevistados.
EROS VOLÚSIA - A DANÇA MESTIÇA.
Quando: amanhã, às 22h, na Rede
SescSenac.
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