São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/"The L Word" (1ª e 2ª temporadas)

Série sobre lésbicas tem estrutura careta

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Das tantas estratégias utilizadas pelas produções de seriados de TV norte-americanos na busca pela audiência, ao lado da criatividade encontra-se a ousadia dos temas. Não à toa, esse nicho audiovisual vem sendo considerado um dos setores que mais chama a atenção na representação de modos de vida adultos na ficção contemporânea.
Na disputa pela audiência na TV a cabo nos EUA, o canal Showtime tem investido na ousadia, conseguindo ultrapassar o pioneirismo das produções HBO sob esse aspecto.
Por isso, não é de espantar a franqueza no tratamento das relações homossexuais femininas em "The L Word", que já tem suas duas primeiras temporadas disponíveis em DVD. A estratégia torna-se evidente quando se considera que o seriado estreou apenas um mês antes do final de "Sex and the City", produção da concorrente. É como se se tratasse de uma boa oportunidade de suprir, com representações com enfoque feminino, os órfãos do quarteto Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda.
"Sex and the City" já testara os limites da tolerância do público frente à representação de temas relacionados à sexualidade feminina. "The L Word" apenas explora um novo nicho, o da homossexualidade.
Mas, a despeito da temática de minoria, o seriado do Showtime guarda interesse na forma como aborda as mutações da subjetividade contemporânea numa metrópole, desta vez Los Angeles. O grupo de garotas que preferem garotas lida com dificuldades que não se limitam à homossexualidade e, sim, avançam no território da afetividade. A fragilidade sexual de um casal monogâmico estável, as dificuldades de se conquistar e manter uma parceira fixa, o comportamento predatório da garota adepta do sexo avulso e descartável e as ambigüidades provocadas pela descoberta da bissexualidade são alguns dos temas abordados com acuidade em "The L Word".
Apesar disso, a forma do seriado é careta, com estruturas padrão de melodrama e pontos de reviravolta típicos de novelinha que, no longo prazo, cansam. Para quebrá-los, apenas as apimentadas cenas de sexo entre garotas não são suficientes para manter o interesse do espectador. Como extras, a primeira caixa traz comentário do episódio piloto, e a segunda, documentário sobre bastidores e jogos.


THE L WORD
(1ª e 2ª temporadas) Criadora:
Ilene Chaiken
Distribuidora: Fox (R$ 100, em média, cada caixa)
Avaliação: regular


Texto Anterior: DVDs- Nova distribuidora lança filmes independentes
Próximo Texto: Nas lojas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.