|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica/"The L Word" (1ª e 2ª temporadas)
Série sobre lésbicas tem estrutura careta
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Das tantas estratégias
utilizadas pelas produções de seriados de TV
norte-americanos na busca pela audiência, ao lado da criatividade encontra-se a ousadia dos
temas. Não à toa, esse nicho audiovisual vem sendo considerado um dos setores que mais
chama a atenção na representação de modos de vida adultos
na ficção contemporânea.
Na disputa pela audiência na
TV a cabo nos EUA, o canal
Showtime tem investido na ousadia, conseguindo ultrapassar
o pioneirismo das produções
HBO sob esse aspecto.
Por isso, não é de espantar a
franqueza no tratamento das
relações homossexuais femininas em "The L Word", que já
tem suas duas primeiras temporadas disponíveis em DVD. A
estratégia torna-se evidente
quando se considera que o seriado estreou apenas um mês
antes do final de "Sex and the
City", produção da concorrente. É como se se tratasse de uma
boa oportunidade de suprir,
com representações com enfoque feminino, os órfãos do
quarteto Carrie, Samantha,
Charlotte e Miranda.
"Sex and the City" já testara
os limites da tolerância do público frente à representação de
temas relacionados à sexualidade feminina. "The L Word"
apenas explora um novo nicho,
o da homossexualidade.
Mas, a despeito da temática
de minoria, o seriado do Showtime guarda interesse na forma
como aborda as mutações da
subjetividade contemporânea
numa metrópole, desta vez Los
Angeles. O grupo de garotas
que preferem garotas lida com
dificuldades que não se limitam
à homossexualidade e, sim,
avançam no território da afetividade. A fragilidade sexual de
um casal monogâmico estável,
as dificuldades de se conquistar
e manter uma parceira fixa, o
comportamento predatório da
garota adepta do sexo avulso e
descartável e as ambigüidades
provocadas pela descoberta da
bissexualidade são alguns dos
temas abordados com acuidade
em "The L Word".
Apesar disso, a forma do seriado é careta, com estruturas
padrão de melodrama e pontos
de reviravolta típicos de novelinha que, no longo prazo, cansam. Para quebrá-los, apenas as
apimentadas cenas de sexo entre garotas não são suficientes
para manter o interesse do espectador.
Como extras, a primeira caixa traz comentário do episódio
piloto, e a segunda, documentário sobre bastidores e jogos.
THE L WORD
(1ª e 2ª temporadas)
Criadora: Ilene Chaiken
Distribuidora: Fox (R$ 100, em média,
cada caixa)
Avaliação: regular
Texto Anterior: DVDs- Nova distribuidora lança filmes independentes Próximo Texto: Nas lojas Índice
|