São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

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Crítica

Daniel Filho acerta em comédia conjugal

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É em torno de uma cama vista do alto que acontecem os momentos decisivos de "Se Eu Fosse Você" (TC Pipoca, 20h) -não por acaso uma comédia conjugal e, de longe, o melhor filme de Daniel Filho até hoje.
Lá estão o marido publicitário e expansivo e a mulher dedicada aos filhos e à casa. Aparentemente eles se dão bem, embora, quando cada um sai de casa com seu carro, tome um rumo diverso -indicando que suas vidas correm para lados diferentes. É aí que acontece o impossível: ele acorda mulher e ela, homem. Existe uma dúzia de filmes mais ou menos semelhantes, mas não me lembro de nenhum em que as coisas se dêem como aqui: eles trocam de corpo, mas continuam a se sentir como eram antes.
Ou seja, ele (doravante, Glória Pires, ótima) vai ter dificuldade para andar de salto alto, mas continuará a usar um palavreado machista e a agir de maneira incisiva, enquanto ela (agora Tony Ramos) ostentará um temperamento compassivo e delicado sob o corpo peludo.
O humor vem daí. E de gags bem escritas e dirigidas adequadamente. O filme tem fluência e não é nada tolo ao observar a mútua ignorância entre homem e mulher, de certa forma reciclando esse tema tão tradicional. É pena que na conclusão o filme se apequene, como se para acomodar seu público. E é pena que os tons sejam monotonamente claros: não são essas escorregadas comerciais que garantiram a bilheteria do filme, em todo caso.


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