|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Daniel Filho acerta em comédia conjugal
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É em torno de uma cama vista do alto que acontecem os
momentos decisivos de "Se Eu
Fosse Você" (TC Pipoca, 20h)
-não por acaso uma comédia
conjugal e, de longe, o melhor
filme de Daniel Filho até hoje.
Lá estão o marido publicitário e expansivo e a mulher dedicada aos filhos e à casa. Aparentemente eles se dão bem,
embora, quando cada um sai de
casa com seu carro, tome um
rumo diverso -indicando que
suas vidas correm para lados
diferentes. É aí que acontece o
impossível: ele acorda mulher e
ela, homem. Existe uma dúzia
de filmes mais ou menos semelhantes, mas não me lembro de
nenhum em que as coisas se
dêem como aqui: eles trocam
de corpo, mas continuam a se
sentir como eram antes.
Ou seja, ele (doravante, Glória Pires, ótima) vai ter dificuldade para andar de salto alto,
mas continuará a usar um palavreado machista e a agir de maneira incisiva, enquanto ela
(agora Tony Ramos) ostentará
um temperamento compassivo
e delicado sob o corpo peludo.
O humor vem daí. E de gags
bem escritas e dirigidas adequadamente. O filme tem
fluência e não é nada tolo ao
observar a mútua ignorância
entre homem e mulher, de certa forma reciclando esse tema
tão tradicional. É pena que na
conclusão o filme se apequene,
como se para acomodar seu público. E é pena que os tons sejam monotonamente claros:
não são essas escorregadas comerciais que garantiram a bilheteria do filme, em todo caso.
Texto Anterior: Bia Abramo: Pecados das sete têm leitura rasteira Próximo Texto: Novelas da semana Índice
|