São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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Consultoria sugeriu a troca de comando na Osesp, diz governo

Americano nega proposta, usada para justificar saída de Neschling

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Versões dissonantes cercam a saída do maestro John Neschling da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). Na semana passada, ele comunicou, em carta, a decisão de deixar a função de regente titular e diretor artístico, cargos que ocupa desde 1997.
Segundo integrantes do Governo de São Paulo, Neschling fez o gesto a pedido do conselho da Osesp, após a conclusão de uma consultoria.
No ano passado, a Osesp chamou o presidente da Liga de Orquestras Americanas, Henry Fogel, para a realização de consultoria em sua administração. E, segundo integrantes do governo, ele recomendou a saída de Neschling.
Fogel esteve no Brasil por dois dias em outubro. Procurado pela Folha, admite ter feito recomendações ao conselho. Por exemplo, para ampliação da receita da orquestra e adoção de novas práticas administrativas e técnicas de marketing. Mas ele nega que tenha proposto a troca de comando.
"Nunca recomendei a saída do maestro", disse ele, explicando que não cobrou pelo serviço, mas teve as despesas pagas pelo conselho da Osesp.
No governo, porém, a consultoria é usada como justificativa para a saída.
Avisado da idéia de substituição, Neschling teria se antecipado: enviou uma carta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que preside o conselho da Osesp, informando a decisão de deixar a orquestra em outubro de 2010, quando expira seu contrato.
Se vingar a proposta do secretário de Cultura, João Sayad, o novo regente será escolhido num concurso público.
Anunciada a decisão de sair, Neschling acusou o governo estadual de intervenção na administração da orquestra. O maestro, que não conta com a simpatia do governador José Serra, disse, em entrevista à revista "Veja São Paulo", que o Estado retinha recursos.
Sayad nega qualquer intervenção. Mas admite ter feito restrições a gastos realizados com recursos do Tesouro. O Estado sugeriu que as turnês itinerantes fossem feitas no Brasil, não mais no exterior. E recomendou uma apresentação gratuita por mês. "A academia de música, por exemplo, custava R$ 1 milhão por ano para oito alunos. Não quisemos pagar", afirma Sayad.
Um conselheiro ouvido pela Folha afirma que o conselho não destituiu Neschling. Ele é quem teria decidido sair, sem influência da consultoria.
A Folha falou com assessores de Neschling, que disseram que o maestro preferia se manifestar após ler a reportagem.


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