São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/"Music for Men"

Gossip ressurge mais pop e dançante

Vocalista já não grita tanto e guitarras estão menos agudas em disco produzido por Rick Rubin, que une melhor os gêneros

DA REPORTAGEM LOCAL

Beth Ditto e o Gossip apareceram para o mundo em 2006. Ao unir a força de guitarras punk com linhas de baixo grooveadas, a música "Standing in the Way of Control" tornou-se hit mundial, sendo tocada em clubes indies e em rádios de dance music. Beth Ditto tornava-se, então, uma rock star.
Por não esconder o fato de ser gorda e ativista feminista, Ditto ganhava atenção muito maior do que os outros dois integrantes do grupo -ironicamente, maior até do que as próprias músicas da banda. Já de cara "Music for Men" mostra as intenções de Ditto e da banda: a capa traz uma imagem retrabalhada de Hannah Blilie, baterista do trio. Nada de Beth Ditto.
Se no disco anterior víamos o rock e a dance music disputando espaços, em "Music for Men" os gêneros dividem território, sem qualquer conflito -guitarras não brigam com linhas dançantes. Parte do mérito deve ser dado a Rick Rubin, um dos mais conhecidos produtores do rock americano, que já trabalhou com gente como U2, Green Day e Red Hot Chili Peppers.
Rubin parece ter aparada as arestas que faziam da música do Gossip tropeçar. O som está mais limpo, econômico -Beth Ditto não precisa mais gritar tanto; as guitarras não precisam mais estar tão agudas. O primeiro single do álbum, "Heavy Cross", já ganhou um vídeo e está em alta rotação nas rádios independentes e em blogs de MP3.
Espertamente, a banda segue o caminho trilhado no hit "Standing in the Way of Control", em que a dinâmica melódica intensifica o carétr roqueiro do Gossip, mas com uma melodia pegajosa que vai bem nas pistas de dança.
Não é apenas no punk que o Gossip vai buscar referências -em faixas como "8th Wonder" e "Four-Letter Word", o trio evidencia as influências pós-punk de bandas como Killing Joke e Gang of Four. Já "Dimestore Diamond", que abre o álbum, é das mais fracas de "Music for Men": nem lenta nem rápida, procura não transmite a energia que encontraremos no restante do disco.

Ser livre
Além de vocalista e antimusa, Ditto é, também uma compositora instável. Ele acerta em várias letras, como em "For Keeps", espécie de manifesto em que deseja apenas "ser livre". Mas erra em versos tolos ou em clichês bobocas (como "o que você faz volta para você" e coisas do tipo) Em "Love Long Distance", a vocalista mostra a potência de sua voz, numa faixa que é mais roqueira do que dançante.

Centro das atenções
Embora tente dar espaço aos outros músicos e esconder-se atrás de suas canções, Beth Ditto continua sendo o ponto de referência do Gossip.
Por mais que as melodias de canções como "Pop Goes the World", "2012" e "Spare Me from the Mold" sejam contagiantes, é presença de Ditto que faz das faixas algo mais do que reciclagens disco-punks.
Há pouco tempo a antimusa posou pelada para capas de revistas. Hoje é reverenciada por blogueiros como Perez Hilton. (E iriam tocar no Tim Festival do ano passado, mas cancelaram na última hota, alegando problemas de agenda.) Além de "Music for Men", a voz de Ditto poderá ser ouvida em outro aguardado lançamento: o segundo álbum da dupla inglesa Simian Mobile Disco -Beth Ditto aceitou cantar em uma das faixas.
(THIAGO NEY)


MUSIC FOR MEN

Artista: The Gossip
Gravadora: Sony BMG
Quanto: R$ 30, em média (a partir de julho)
Avaliação: bom




Texto Anterior: A antimusa contra-ataca
Próximo Texto: Beth Ditto briga com Katy Perry
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.