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Crítica/"Music for Men"
Gossip ressurge mais pop e dançante
Vocalista já não grita tanto e guitarras estão menos agudas em disco produzido por Rick Rubin, que une melhor os gêneros
DA REPORTAGEM LOCAL
Beth Ditto e o Gossip
apareceram para o
mundo em 2006. Ao
unir a força de guitarras punk
com linhas de baixo grooveadas, a música "Standing in the
Way of Control" tornou-se hit
mundial, sendo tocada em clubes indies e em rádios de dance
music. Beth Ditto tornava-se,
então, uma rock star.
Por não esconder o fato de
ser gorda e ativista feminista,
Ditto ganhava atenção muito
maior do que os outros dois integrantes do grupo -ironicamente, maior até do que as próprias músicas da banda.
Já de cara "Music for Men"
mostra as intenções de Ditto e
da banda: a capa traz uma imagem retrabalhada de Hannah
Blilie, baterista do trio. Nada de
Beth Ditto.
Se no disco anterior víamos o
rock e a dance music disputando espaços, em "Music for
Men" os gêneros dividem território, sem qualquer conflito
-guitarras não brigam com linhas dançantes.
Parte do mérito deve ser dado a Rick Rubin, um dos mais
conhecidos produtores do rock
americano, que já trabalhou
com gente como U2, Green Day
e Red Hot Chili Peppers.
Rubin parece ter aparada as
arestas que faziam da música
do Gossip tropeçar. O som está
mais limpo, econômico -Beth
Ditto não precisa mais gritar
tanto; as guitarras não precisam mais estar tão agudas.
O primeiro single do álbum,
"Heavy Cross", já ganhou um
vídeo e está em alta rotação nas
rádios independentes e em
blogs de MP3.
Espertamente, a banda segue
o caminho trilhado no hit
"Standing in the Way of Control", em que a dinâmica melódica intensifica o carétr roqueiro do Gossip, mas com uma melodia pegajosa que vai bem nas
pistas de dança.
Não é apenas no punk que o
Gossip vai buscar referências
-em faixas como "8th Wonder" e "Four-Letter Word", o
trio evidencia as influências
pós-punk de bandas como Killing Joke e Gang of Four.
Já "Dimestore Diamond",
que abre o álbum, é das mais
fracas de "Music for Men": nem
lenta nem rápida, procura não
transmite a energia que encontraremos no restante do disco.
Ser livre
Além de vocalista e antimusa, Ditto é, também uma compositora instável. Ele acerta em
várias letras, como em "For
Keeps", espécie de manifesto
em que deseja apenas "ser livre". Mas erra em versos tolos
ou em clichês bobocas (como "o
que você faz volta para você" e
coisas do tipo)
Em "Love Long Distance", a
vocalista mostra a potência de
sua voz, numa faixa que é mais
roqueira do que dançante.
Centro das atenções
Embora tente dar espaço aos
outros músicos e esconder-se
atrás de suas canções, Beth Ditto continua sendo o ponto de
referência do Gossip.
Por mais que as melodias de
canções como "Pop Goes the
World", "2012" e "Spare Me
from the Mold" sejam contagiantes, é presença de Ditto que
faz das faixas algo mais do que
reciclagens disco-punks.
Há pouco tempo a antimusa
posou pelada para capas de revistas. Hoje é reverenciada por
blogueiros como Perez Hilton.
(E iriam tocar no Tim Festival
do ano passado, mas cancelaram na última hota, alegando
problemas de agenda.)
Além de "Music for Men", a
voz de Ditto poderá ser ouvida
em outro aguardado lançamento: o segundo álbum da dupla
inglesa Simian Mobile Disco
-Beth Ditto aceitou cantar em
uma das faixas.
(THIAGO NEY)
MUSIC FOR MEN
Artista: The Gossip
Gravadora: Sony BMG
Quanto: R$ 30, em média (a partir
de julho)
Avaliação: bom
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