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Renata Sorrah encarna Lady Macbeth
Com Daniel Dantas, montagem estreia amanhã no Sesc Pinheiros
Sorrah afirma não saber de onde vem inclinação para interpretar personagens com alta carga dramática
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não só por causa de um
band-aid no indicador da
mão esquerda, Renata Sorrah resvalava na fragilidade
de uma Heleninha Roitman,
de "Vale Tudo" (1988).
"Fico muito nervosa em
entrevistas", disse antes de
deixar o camarim para falar
com jornalistas sobre "Macbeth", de Shakespeare.
Estavam presentes também o ator Daniel Dantas
(que interpreta Macbeth) e o
diretor Aderbal Freire-Filho.
Sorrah foi a última a chegar na entrevista, pediu desculpas pelo atraso e gaguejou na primeira pergunta:
"Acha que tem um momento
certo para uma atriz fazer
Lady Macbeth?".
"Não, mas acho que este é
o momento exato para mim."
Ela tem hoje 63 anos.
A atriz também não acha
que Lady Macbeth seja uma
representação completa do
mal. "Essa personagem não é
um monstro. É humana como qualquer outra de Shakespeare", diz, ao descrever
a cena em que enfia a mão no
peito de um rei prestes a morrer para sentir seu coração.
Em quais pontos é humana, eis a questão proposta
pela atriz. E até que ponto
não é Lady Macbeth quem induz o marido a cometer atrocidades pelo trono? A resposta vasculha brechas. Sorrah
repete, segundo tradução para a peça: "Assexuada seja eu
entre as mulheres".
"Em um solilóquio, a personagem confessa que teria
matado o rei se não tivesse se
lembrado do pai."
Sorrah já fez Medeia e
Mary Stuart, e ainda não sabe
a razão da inclinação para o
trágico. "Por que mulheres
neuróticas? Algumas atrizes
têm instrumentos para esses
papéis", diz, assumindo que
quis ir "fundo" mesmo em
sua Shirley Valentine.
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