São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2000


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MÚSICA

CD reúne gravações radiofônicas de Freire

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Saiu no mercado mais um CD do mais celebrado pianista brasileiro da atualidade. O INA, Mémoire Vive (selo do Institut National de l'Audiovisuel) lança agora "Nelson Freire en Concert".
O disco reúne uma série de inéditas gravações ao vivo do pianista mineiro de 55 anos, feitas por rádios alemãs e francesas, nas décadas de 70, 80 e 90. Realizados por técnicos diferentes, em diversos lugares, com pianos variados, os registros têm, contudo, surpreendente qualidade sonora.
Mas bom mesmo é ter um disco de Nelson Freire para comprar. Nos anos 90, o artista confiou-se muito pouco aos microfones -e sempre ao lado de orquestras ou da pianista argentina Martha Argerich. Para ouvi-lo tocando sozinho, só mesmo em coletâneas.
Essa se concentra na escrita romântica do século 19, com dois autores que, de certa forma, representam o centro do não tão vasto assim repertório de Freire: Schumann e Chopin.
De Schumann, Freire já fez aquele que é possivelmente o melhor registro disponível da "Fantasia op. 17". E gravou ainda, pela CBS, "Concerto para Piano", com a Filarmônica de Munique, regida por Rudolf Kempe.
Aqui, ele aparece com uma versão gratificante dos "Papillons"; mas o item mais estimulante são os "Estudos Sinfônicos", obra na forma de tema e variações cuja composição ocupou Schumann durante três anos -e, não satisfeito, o autor ainda a revisaria 15 anos depois de pronta.
Freire entrega com muita clareza o tema e as metamorfoses por ele sofridas, com uma articulação clara e um sentido único.
Esta rara beleza de som parece ser o segredo do Chopin de Nelson Freire. Sua gravação dos 24 prelúdios do compositor polonês ganhou o Prêmio Edison, na Holanda, em 1972; e, nesse disco, ele interpreta o "Improviso op. 36", o "Scherzo op. 31" e o "Andante Spianato et Grande Polonaise".
Nessa última peça, um brinde para os saudosistas: regendo de maneira vibrante e participativa a Orquestra Sinfônica da Südwestfunk está o brilhante Ernest Bour -que, nos anos 70, chegou a reger como convidado da Orquestra Sinfônica Municipal.
Como idiossincrasia maior do álbum, talvez, a ordem das peças: pois o disco se encerra com duas transcrições de Bach que Freire costuma abrir seus recitais, "Ich ruf" zu Dir, Herr Jesu Christ" (de Busoni) e "Prelúdio para Órgão em Sol Menor", de Siloti.
Nelson Freire en Concert      Selo: INA, Mémoire Vive Onde encontrar: CD Now (www.cdnow.com)

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