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MÚSICA
CD reúne gravações radiofônicas de Freire
IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Saiu no mercado mais um CD
do mais celebrado pianista
brasileiro da atualidade. O INA,
Mémoire Vive (selo do Institut
National de l'Audiovisuel) lança
agora "Nelson Freire en Concert".
O disco reúne uma série de inéditas gravações ao vivo do pianista mineiro de 55 anos, feitas por
rádios alemãs e francesas, nas décadas de 70, 80 e 90. Realizados
por técnicos diferentes, em diversos lugares, com pianos variados,
os registros têm, contudo, surpreendente qualidade sonora.
Mas bom mesmo é ter um disco
de Nelson Freire para comprar.
Nos anos 90, o artista confiou-se
muito pouco aos microfones -e
sempre ao lado de orquestras ou
da pianista argentina Martha Argerich. Para ouvi-lo tocando sozinho, só mesmo em coletâneas.
Essa se concentra na escrita romântica do século 19, com dois
autores que, de certa forma, representam o centro do não tão
vasto assim repertório de Freire:
Schumann e Chopin.
De Schumann, Freire já fez
aquele que é possivelmente o melhor registro disponível da "Fantasia op. 17". E gravou ainda, pela
CBS, "Concerto para Piano", com
a Filarmônica de Munique, regida
por Rudolf Kempe.
Aqui, ele aparece com uma versão gratificante dos "Papillons";
mas o item mais estimulante são
os "Estudos Sinfônicos", obra na
forma de tema e variações cuja
composição ocupou Schumann
durante três anos -e, não satisfeito, o autor ainda a revisaria 15
anos depois de pronta.
Freire entrega com muita clareza o tema e as metamorfoses por
ele sofridas, com uma articulação
clara e um sentido único.
Esta rara beleza de som parece
ser o segredo do Chopin de Nelson Freire. Sua gravação dos 24
prelúdios do compositor polonês
ganhou o Prêmio Edison, na Holanda, em 1972; e, nesse disco, ele
interpreta o "Improviso op. 36", o
"Scherzo op. 31" e o "Andante
Spianato et Grande Polonaise".
Nessa última peça, um brinde
para os saudosistas: regendo de
maneira vibrante e participativa a
Orquestra Sinfônica da Südwestfunk está o brilhante Ernest Bour
-que, nos anos 70, chegou a reger como convidado da Orquestra Sinfônica Municipal.
Como idiossincrasia maior do
álbum, talvez, a ordem das peças:
pois o disco se encerra com duas
transcrições de Bach que Freire
costuma abrir seus recitais, "Ich
ruf" zu Dir, Herr Jesu Christ" (de
Busoni) e "Prelúdio para Órgão
em Sol Menor", de Siloti.
Nelson Freire en Concert
Selo: INA, Mémoire Vive
Onde encontrar: CD Now
(www.cdnow.com)
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