Ex-cartunista do "Clarín", Juan Pablo Zaramella foi premiado duas vezes no festival e mostra seus filmes hoje


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Num desdobramento previsível da notável expansão do cinema argentino nesta década, agora são as animações do país vizinho que chegam ao Brasil, tendo como porta de entrada o 16º Anima Mundi, que acontece em São Paulo até domingo. E o ponta-de-lança dessa invasão -são 12 filmes argentinos nesta edição do festival- é o desenhista e ex-cartunista do jornal "Clarín" Juan Pablo Zaramella, 36, convidado do Papo Animado de hoje.
"Antes, recebíamos filmes latinos pontuais, mas neste ano são vários e de qualidade. Acho que o Zaramella abriu essa porta, desde o "Viagem a Marte'", diz Aída Queiroz, uma das diretoras do festival, citando o filme que deu ao diretor o prêmio de melhor curta pelo júri popular do Rio, em 2005.
No ano passado, ele levou premiação idêntica em São Paulo, por "Lapsus". Os dois desenhos fazem parte da retrospectiva que Zaramella irá mostrar hoje e também estão em uma sessão especial dedicada à sua obra, amanhã. "Eu estava no Rio quando "Viagem a Marte" foi o vencedor, foi uma surpresa total para mim", disse Zaramella à Folha.
"É bom voltar e poder fazer uma retrospectiva, além de mostrar alguns inéditos." Zaramella afirma que a produção em seu país está "em um momento ascendente", graças ao impulso de sua geração.
"Há um círculo virtuoso, o sucesso dos animadores que já produzem há alguns anos estimula os mais jovens e, com isso, têm surgido cada vez melhores desenhos independentes, com novas técnicas."

Pioneiro e nova produção
Exemplo da produção recente argentina é o longa "Martín Fierro", baseado no poema gauchesco de José Hérnandez, que será exibido hoje, às 20h, na sala 1 do Memorial. Quem também ganha destaque é o pioneiro ítalo-argentino Quirino Cristiani, autor do primeiro longa de animação do mundo, "El Apóstol", que estreou na Argentina em 1917. O documentário sobre a façanha será exibido no domingo (27).