São Paulo, sexta-feira, 24 de julho de 2009

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Mudança do MAC fica para 2010

Depois de vetos ao projeto, Museu de Arte Contemporânea da USP vai para prédio do Detran com um ano de atraso

Secretaria de Estado da Cultura diz que, após veto do patrimônio a desenho de Niemeyer, nova adaptação vai custar R$ 54 milhões

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ficará para maio do ano que vem a transferência definitiva do Museu de Arte Contemporânea da USP para o atual prédio do Detran, antigo Palácio da Agricultura, projeto de Oscar Niemeyer erguido em 1951.
A Secretaria de Estado da Cultura previa que o museu fosse inaugurado no novo endereço em junho deste ano, mas demolições no edifício acabaram de começar. Com reformas que vão durar oito meses, o projeto deve ser inaugurado em maio do ano que vem, com 11 meses de atraso.
Um contrato da secretaria com uma construtora foi firmado na terça desta semana.
A adaptação terá menos de metade do orçamento previsto a princípio e não seguirá os planos anunciados pela secretaria há pouco mais de um ano. No lugar de uma adaptação do edifício feita pelo escritório de Niemeyer, serão derrubadas algumas divisórias internas e adaptados os anexos do Detran.
A proposta original seria derrubar um dos pisos para criar um andar com pé-direito duplo, além de intervenções na fachada. Estava orçada em cerca de R$ 120 milhões. O projeto que será executado agora prevê adaptações internas menores e está orçado em R$ 54 milhões.
"Não estamos enfrentando nenhum atraso na transferência do MAC, porque tivemos um projeto do Niemeyer que os órgãos de preservação vetaram", diz João Sayad, secretário de Estado da Cultura, à Folha. "O prédio original é uma peça querida dos arquitetos."

Niemeyer 1 e 2
Em abril, o Conpresp, órgão municipal de defesa do patrimônio histórico, vetou o desenho de Niemeyer para a adaptação do edifício projetado por ele mesmo, alegando "custos elevados" e "impactos negativos", exigindo também a inversão da posição de escadas e elevadores. À época, Jair Varela, do escritório de Niemeyer, chamou a decisão de "absurdo".
"Eu fui ao Rio falar com o Niemeyer, dizendo que o projeto dele não seria executado porque o patrimônio queria preservar o "Niemeyer 1" e não o "Niemeyer 2'", lembra Sayad. "Eu concordei com o Conpresp e o Condephaat, acho que o prédio original é um marco. Queriam manter o prédio original, que é um bom argumento."
Com um acervo de cerca de 8.000 obras, o MAC ocupa hoje um prédio na Cidade Universitária e outra sede menor dentro do pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, mas consegue expor só 3% de suas obras. A mudança para o Detran deve triplicar o espaço expositivo.
Mas não há certeza sobre um aumento no orçamento do museu, que tem hoje cerca de cem funcionários e um custo anual de R$ 800 mil, da reitoria da USP. "O MAC sabe que precisará de uma dotação orçamentária maior do que a que tem hoje", afirma Lisbeth Rebollo Gonçalves, diretora do museu.
Sayad diz que está discutindo a questão orçamentária com a direção do MAC e a USP. "Preciso ver como vai ser financiada a operação do museu", diz. "Não tenho uma solução ainda, não sei como será resolvido, mas vai ser resolvido."


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