São Paulo, sábado, 24 de julho de 2010 |
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FHC reencontra Freyre
Responsável pela
palestra de abertura
da Flip em tributo
ao pernambucano,
ex-presidente lembra
em entrevista à Folha
a originalidade e as
contradições do colega
FABIO VICTOR DE SÃO PAULO Fernando Henrique Cardoso fez-se sociólogo numa USP hostil à Gilberto Freyre (1900-1987). A Universidade de São Paulo refutava a romantização da escravidão e o mito da democracial racial. Deplorava a insubmissão acadêmica do autor de "Casa Grande & Senzala" e criticava o seu conservadorismo político, manifesto também no apoio ao golpe de 1964 e nas conexões com o salazarismo. Baixada a poeira ideológica, a USP passou a valorizar a originalidade das interpretações freyreanas, o que já ocorrerra pelo país e pelo mundo desde os anos 1930. Em entrevista à Folha, FHC relembra como se deu a revisão, mas pondera que não abandonou a atitude crítica em relação a certas ideias de Freyre. Em 4 de agosto, o ex-presidente faz a conferência de abertura da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que neste ano celebra o pensador pernambucano. Em alguns círculos, e à boca miúda, a escolha de FHC tem sido contestada, justo pelos reparos do político ao colega mais velho. "O que pesou na escolha foi o fato de FHC ser um admirador crítico da obra de Freyre", diz a historiadora Maria Lúcia Pallares-Burke, curadora da homenagem. O diretor de programação da Flip, Flávio Moura, recorda o reconhecimento de FHC a Freyre no artigo "Livros que inventaram o Brasil", de 1993 (revista do Cebrap) e na apresentação à reedição de "Casa Grande & Senzala", em 2003. "A geração de FHC sempre se mediu com a de Freyre, Sérgio Buarque e Caio Prado Jr. A Flip considerou que a homenagem era bom momento para um balanço." Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Pesquisa factual tornava Freyre muito mais que ensaísta, diz FHC Índice |
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